Manuel Grilo vai substituir Ricardo Robles na Câmara Municipal de Lisboa, confirmou, na noite desta segunda-feira, a comissão política do Bloco de Esquerda.
Ricardo Robles anunciou hoje a sua renúncia como vereador do BE da Câmara de Lisboa, afirmando ser "uma decisão pessoal" com o "objetivo de criar as melhores condições para o prosseguimento da luta do Bloco pelo direito à cidade".
A Comissão Política bloquista, que esta noite se reuniu devido a esta situação, adianta em comunicado que "aceitou o pedido de renúncia feito no domingo por Ricardo Robles", explicando que a número dois na lista, Rita Silva, "manifestou a sua indisponibilidade para assumir o cargo, tendo em conta as responsabilidades dirigentes que tem num movimento social e que considera incompatíveis com o exercício do cargo de vereadora".
"Assumirá o cargo o terceiro elemento da lista eleitoral, Manuel Grilo, que dará continuidade às responsabilidades executivas que o Bloco de Esquerda tem na Câmara Municipal de Lisboa, no quadro do acordo político celebrado entre o Bloco de Esquerda e o Partido Socialista", refere.
Segundo a breve nota biográfica do novo vereador, Manuel Grilo é professor e membro do Conselho Nacional de Educação e foi durante vários anos dirigente do Sindicato dos Professores da Grande Lisboa, membro do secretariado nacional da Fenprof e do Conselho Nacional da CGTP.
Com 59 anos, Manuel Grilo presta atualmente assessoria ao grupo parlamentar do BE na área da Educação, depois de ter deixado de lecionar em 2016.
"Já exerceu a representação do BE na vereação no presente mandato, em substituição de Ricardo Robles", refere o mesmo comunicado.
A demissão de Ricardo Robles surge na sequência de uma notícia avançada na edição de sexta-feira do Jornal Económico segundo a qual, em 2014, o autarca adquiriu um prédio em Alfama por 347 mil euros, que foi reabilitado e posto à venda em 2017 avaliado em 5,7 milhões de euros.
"Informei ontem, domingo, a coordenadora da Comissão Política do Bloco de Esquerda da minha intenção de renunciar aos cargos de vereador na Câmara Municipal de Lisboa e de membro da comissão coordenadora concelhia de Lisboa do Bloco de Esquerda", refere uma nota a que agência Lusa teve acesso.
Esta é, de acordo com Ricardo Robles, "uma opção privada, forçada por constrangimentos familiares" e "no respeito pelas regras legais", para ultrapassar aquilo que se tornou "um problema político real" e que criou um enorme constrangimento à "intervenção como vereador".
Numa nota enviada à agência Lusa na noite de sexta-feira, o BE defendeu que a conduta do vereador na Câmara de Lisboa Ricardo Robles "em nada diminuía a sua legitimidade na defesa das políticas públicas que tem proposto e que continuará a propor".
No sábado de manhã, a coordenadora bloquista, Catarina Martins, disse que Ricardo Robles "nada fez de errado", classificando as notícias de alegada especulação imobiliária de "mentiras".
Em conferência de imprensa realizada ao final da tarde de sexta-feira, Ricardo Robles reiterou que a avaliação do prédio "foi feita por uma agência imobiliária, que o teve à venda por seis meses até abril" e que "desde então, o imóvel não está a venda".
Por isso, sublinhou nessa conferência de imprensa, "esta compra não foi uma operação especulativa", assegurando que iria "colocar o imóvel em propriedade horizontal, de forma a poder dividir as frações".
"Não venderei a minha parte do imóvel e colocarei as minhas frações no mercado de arrendamento. Não comprei este prédio para o vender com mais-valias e, pela minha parte, não o farei", afirmou então.