O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje que quando estava no Governo podia discordar do que as instituições diziam, mas não as ameaçava, manipulava ou lhes metia uma rolha na boca, ao contrário do atual Governo.
"Ficamos obviamente preocupados quando vemos que quando essas instituições não dizem o que é do agrado do Governo, quando não tecem elogios, quando não se convertem à maravilha dos resultados que são enunciados, quando chamam à atenção independentemente dos governos que estão para os problemas que existem, há uma grande diferença entre nós, quando nós estávamos no Governo podíamos não concordar com o que as instituições diziam, mas não ameaçávamos, não manipulávamos ou lhes metíamos uma rolha na boca", disse.
Perante as críticas, o que o Governo PS faz é recusar os novos nomes que são propostos para essas entidades e recusar tantas vezes até que essas proponham quem o Governo quer, frisou o social-democrata durante o seu discurso, na apresentação dos candidatos às eleições autárquicas de Murça, no distrito de Vila Real.
"É esta a Democracia praticada por quem está hoje no Governo, uma Democracia limitada e mais pobre e nós não queremos isso", salientou.
Considerando que o país é hoje governado por quem diz uma coisa e faz outra, o ex-primeiro-ministro referiu a necessidade de continuar a existir instituições independentes fortes que possam defender os cidadãos das arbitrariedades, das manipulações e das inverdades de quem lidera.
Na sua opinião, essas entidades são importantes para que as pessoas percebam e saibam o que se passa no país e possam ajuizar com rigor e independência o que é a ação do Governo, do Parlamento ou de outras instituições.
O Conselho de Finanças Pública ou o Banco de Portugal, citou a título de exemplo o antigo governante, são instituições que existem também para dar garantias às pessoas de que têm acesso a informações sobre o que se passa.
O PSD irá continuar apostado em "não calar esta voz de denúncia" contra os ataques que são feitos contra as instituições independentes, ressalvou Passos Coelho.
Portugal conseguiu um défice de 2% e "ainda bem", mas à custa daquilo de quem hoje governa criticava no passado e, quando o Conselho de Finanças Pública vem chamar à atenção de como é que os resultados de 2016 foram alcançados, o Governo reage mal, considerou.
"Criticava tão fortemente que dizia mesmo que não era possível ter um modelo de crescimento económico que não estivesse assente no investimento público, depois verificamos que não houve outro Governo em Democracia que tivesse cortado tanto no investimento público como este", sustentou.
O presidente do PSD vincou que essas informações só são conhecidas porque há entidades independentes que apontam "claramente" esses resultados.