Não há provas de violência física, até porque a vítima teria sido sedada durante a violação
A Polícia Civil do Rio de Janeiro confirmou esta segunda-feira que houve crime de violação de uma adolescente de 16 anos numa favela, mas está ainda a investigar a dimensão do crime, ou seja, se realmente foram 30 os violadores.
Numa conferência de imprensa ao início da tarde, a delegada Cristina Bento disse que "o estupro está provado" pela publicação de um vídeo na Internet onde a jovem aparece a ser manipulada. No vídeo, é ainda referida uma violação anterior por mais de 30 homens.
"O que eu quero provar é a extensão desse estupro, se foram cinco, 10 ou 30. É isso que essa prisão temporária foi decretada", disse, referindo-se à detenção de seis suspeitos.
Segundo a delegada, se uma pessoa abusa da vítima e outra está olhando, ambas vão responder pelo mesmo crime. Cristina Bento adiantou que a adolescente "está com medo de falar e não está colaborando, dizendo quem foi", mas acrescentou acreditar que o namorado dela teve participação no caso.
"As meninas são abusadas sexualmente nestas comunidades e não falam por medo dos traficantes. Ela somente veio, porque veio à tona essas imagens. Se não, ela não viria", comentou, ao dizer que o chefe do tráfico no local também está envolvido, porque ele sabe sempre o que acontece no local.
Ordem de prisão para seis dos 33 suspeitos da violação coletiva
Apesar de não terem sido colhidos indícios de lesão, dado que a vítima foi analisada quatro dias depois, o crime está provado pelo seu depoimento, para além do vídeo. A delegada Cristina Bento frisou que "o exame de corpo de delito é importante, mas não é determinante". Não há provas de violência física, até porque a vítima teria sido sedada durante a violação.
Adriane Rego, do Instituto Médico Legal, explicou que, após 48 horas, os vestígios não são os mesmos.
O chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Fernando Veloso, afirmou que outros elementos estão a ser integrados no inquérito, mas talvez a polícia não possa referir alguns deles, num caso que está sob segredo de justiça.
O mesmo responsável falou ainda da substituição do coordenador da investigação do caso, dizendo que a delegada agora atribuída é melhor para o "trato com a vítima".
A substituição do comissário Alessandro Thiers foi pedida pela advogada da jovem de 16 anos, que, segundo o chefe da Polícia Civil, "tem um histórico complicado" e pode ter "havido uma questão pessoal ali", que não é prioridade agora.
De acordo com Fernando Veloso, Alessandro Thiers foi afastado do caso porque o seu "nível de stress" estava prejudicando o andamento da investigação.
Entretanto, numa entrevista, a adolescente disse estar "com muito medo" por sofrer ameaças nas redes sociais, com milhares de mensagens de pessoas a dizerem que vão matá-la.
"O próprio delegado culpou-me. Quando eu fui à delegacia, eu não me senti à vontade em nenhum momento. Eu acho que é por isso que muitas mulheres não fazem denúncias. Tentaram incriminar-se, como se eu tivesse culpa por ser estuprada", relatou a jovem.