O primeiro espetáculo de Adele em Lisboa convenceu os fãs.
Nome próprio: Adele. Foi ao Hello, It"s Me que 18 620 pessoas responderam, fazendo ontem do MEO Arena uma sala repleta ao receber o primeiro concerto da cantora britânica em Portugal. Os cerca de 35 mil bilhetes postos à venda em dezembro de 2015 para os concertos de ontem e hoje, no mesmo local às 20.00, esgotaram num dia. E lá estavam eles. Em bando, em casal, adolescentes, pais com filhos, casais de meia-idade para verem a diva britânica de 28 anos que abriu o concerto com o single Hello, It"s Me, do seu último álbum, 25.
Adele passa por Portugal na digressão europeia que apresenta o álbum 25, editado em novembro do ano passado e que conta já 19 milhões de cópias vendidas. Adele está "na estrada" desde 29 de fevereiro, numa tournée de 49 concertos, todos eles esgotados, que começou em Belfast, e terminará na Bélgica a 15 de junho.
Rita Freitas foi a primeira a chegar, "pelo menos nesta fila". Eram 11.30. Veio de Vila Nova de Gaia com amigas para ver aquela "de quem já estava à espera". Recorda: "Assim que soube que ela vinha não hesitei", conta antes de entrar. Numa fila paralela, três irmãs açorianas esperavam, pouco antes das 18.30, pela abertura de portas. Assim que esta aconteceu, correram em busca do melhor lugar para ouvir quem, ao longo do dia, ouviram ensaiar temas como Someone Like You, do álbum anterior, 21, que conta 30 milhões de cópias vendidas em tudo o mundo. E foi do álbum 19, de 2008, que saiu a segunda canção do concerto, Hometown Glory.
Michelle e Robert, um casal de professores holandeses, são dois dos dez mil estrangeiros que compraram bilhetes para a passagem da diva por Portugal. Vieram apenas por ela, porque não conseguiram comprar bilhetes para o seu país e acharam que aqui seria mais fácil. Acertaram e ei-los que assistem ao concerto daquela que, além da "grande voz", tem a graça, diz ele, de "permanecer autêntica, uma rapariga de Londres que ainda se maravilha com o sucesso que tem, e que continua insegura". E talvez resida aí a explicação para o facto de os fotógrafos profissionais, salvo raríssimas exceções, estarem impossibilitados de a fotografar neste palco português. Uma situação que se alterou rapidamente, visto que Adele nunca proibiu que lhe tirassem fotografias e até posava para todos. Nem sequer eram proibidas as filmagens constantes das suas interpretações.
Música de um namoro
William passeava-se pelas muitas filas que se formavam em torno da sala de concertos do Parque das Nações, antes do concerto, erguendo dois bilhetes. "Comprei-os para fazer uma surpresa ao meu ex-companheiro, que vive em Londres, mas ele teve a mesma ideia para o dia de amanhã."
Vende-os, então, ao preço a que os comprou: 85 euros. Conta que "a relação com Adele começou há quatro anos, com o início do namoro. Foi ele que me apresentou e ficou marcado". A canção deles? Someone Like You, informa. Mesmo que seja sobretudo um tema de desamor. "A gente vai mais pela melodia", ri-se antes de continuar a venda dos bilhetes para o concerto de ontem. Hoje estará na plateia.
E novamente o desamor. Angelina, rodeada por um grupo de amigas e pela filha, conta que tem "ouvido o 25", álbum editado em novembro de 2015, embora "goste mais dos outros, ela era mais sofrida". De resto, "gosto de ela ser terra-a-terra e despretensiosa. E do sentido de humor", completa a filha, que a 4 de dezembro a acompanhou às sete da manhã ali mesmo ao lado, ao centro comercial Vasco da Gama, para comprar os bilhetes que a permitirão, um dia, contar a história da noite em que viu Adele.
Um coro em uníssono
Foi uma noite cheia de muitas outras histórias para quem assistiu à primeira prestação da cantora. Como quando Adele pediu para todos os espectadores acenderem as lanternas dos telemóveis e, claro está, todos obedeceram. Ou quando dedicou You Feel My Love às vítimas do acidente aéreo da EgyptAir com a justificação: "Sei que um deles era um português." E ninguém ficou incomodado quando disse "merda" aos gritos, porque se tinha enganado na letra. Até porque quando chegou àquela parte na próxima vez fez figas para que corresse tudo bem. Nem faltou um tema fora do alinhamento, os parabéns a uma jovem que fazia anos e que subiu ao palco acompanhada de uma outra criança. Essa graça que Adele, sorridentemente e em permanente diálogo com o público, foi manifestando constantemente. E, como não poderia deixar de ser, no final tiraram selfies.
Para que ninguém ficasse triste, confessou ao público: "Nunca ouvi uma multidão gritar tão alto. E já estive nos concertos dos One Direction", gracejou. Que a acompanhavam tanto que ao chegar a vez de Someone Like You se pode dizer que estavam todos em uníssono. Nem se esqueceu de lembrar a simpatia de Bruce Springsteen por lhe ter emprestado um casaco num concerto.