Empresário e antigo diretor do Benfica estava em preventiva desde fevereiro
O Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) alterou hoje a medida de coação aplicada ao empresário de futebol José Veiga, em prisão preventiva desde fevereiro, decretando a prisão domiciliária com vigilância policial, disse à Lusa o seu advogado.
Segundo Rogério Alves, José Veiga, arguido no processo Rota do Atlântico, fica obrigado a permanecer na habitação com vigilância policial até que efetue o pagamento de uma caução de 1,2 milhões de euros.
A alteração da medida de coação resulta de um recurso apresentado no TRL pela defesa de José Veiga, que contestava o despacho do juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal, que determinou a prisão preventiva do empresário.
José Veiga era o feiticeiro português do presidente do Congo
No início de fevereiro, José Veiga foi detido juntamente com os advogados Paulo Santana Lopes e Maria Barbosa no decurso de uma investigação sobre crimes de corrupção no comércio internacional, branqueamento de capitais, fraude fiscal e tráfico de influência.
Na altura, Paulo Santana Lopes - irmão do ex-primeiro-ministro Santana Lopes - ficou sujeito à obrigação de permanência na habitação, na condição desta medida de coação poder ser substituída pelo pagamento de caução no valor de um milhão de euros.
À advogada Maria Barbosa, arguida no processo, foram aplicadas as medidas de coação de termo de identidade e residência e de proibição de contactos com os restantes arguidos, suspeitos e testemunhas identificados no despacho que fixa as medidas de coação. Ficou igualmente sujeita à proibição de se ausentar para o estrangeiro.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), este inquérito tem nove arguidos constituídos, quatro pessoas singulares e cinco pessoas coletivas.
De acordo com o Ministério Público, os detidos, alegadamente, celebravam contratos de fornecimento de bens e serviços relacionados com obras públicas, construção civil e venda de produtos petrolíferos, entre diversas entidades privadas e estatais.
Os proventos gerados com esta atividade eram utilizados na aquisição de imóveis, veículos de gama alta, sociedades não residentes e outros negócios, utilizando para o efeito pessoas com conhecimentos especiais e colocadas em lugares privilegiados, ocultando a origem do dinheiro e integrando-o na atividade económica lícita, precisou então a PGR.
Na operação foram apreendidos vários imóveis, viaturas de alta gama e saldos bancários.
A investigação Rota do Atlântico é dirigida pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) e envolveu cerca de três dezenas de buscas a domicílios e sedes de empresas, a uma instituição bancária e a três escritórios de advogados.