O preço das estadias deverá subir, em média, 10% para o centenário das aparições, que conta com a presença do papa Francisco
Ainda falta um ano para o centenário das aparições, mas já não há camas disponíveis em Fátima e em muitos hotéis da zona centro para 12 e 13 de maio de 2017. Poucas semanas depois de se saber que o Papa Francisco vinha a Portugal, o anúncio foi em abril do ano passado, os hotéis de Fátima esgotaram, o que levou os fiéis a procurarem unidades hoteleiras a dezenas de quilómetros do Santuário. De Coimbra a Lisboa, já há muitos hotéis com lotação esgotada.
Fátima tem cerca de 15 mil camas disponíveis: 7 mil em hotéis e o mesmo número em alojamento local e instituições religiosas. "Os quartos já estão todos reservados, a maioria por operadores turísticos. Imagino que toda a região, num perímetro de 50 a 60 quilómetros esteja completa", confirmou ao DN Alexandre Marto, presidente da Associação Empresarial Ourém/Fátima (ACISO). Segundo o mesmo, as unidades hoteleiras costumam esgotar todos os anos nos dias 12 e 13 de maio. "Por isso, em 2017, não é Fátima que vai beneficiar mais, mas sim a região e o País. Acredito que a visita do Papa vai encher os hotéis de Coimbra a Lisboa", adiantou.
No Tivoli, em Coimbra, já não há quartos disponíveis de 10 a 15 de maio do próximo ano. "A esta distância, se não fosse a potencial visita do Papa, as vendas não estariam fechadas", disse ao DN António Esteves, gerente da unidade hoteleira. E nos três hotéis Tivoli, em Lisboa, também já não é possível efetuar reservas online para a noite de 12 para 13 de maio.
Mais a norte, no Eurosol Leiria, a lotação está esgotada desde o final do ano passado, tal como no hotel D. Dinis e no Hotel Torres Novas. O mesmo se passa no Mar Bravo Hotel e no Hotel Cubata, ambos na Nazaré. Este último, que neste ano não teve qualquer reservar feita por peregrinos, ficará completo com um grupo de argentinos que vem assistir às celebrações do centenário das aparições.
Em Fátima, os telefonemas e emails para reservas começaram assim que o Papa Francisco disse que viria a Portugal. "O centenário é uma marca muito importante. E quando se fala da vinda de um Papa, há sempre uma procura bastante maior. Ainda falta um ano e tenho praticamente os quartos todos reservados", afirmou ao DN Luciano Pereira, do Hotel Fátima, ressalvando, no entanto, que "muita coisa pode acontecer." A maioria, adianta, estão guardados para operadores turísticos e clientes habituais.
No Hotel Alecrim também se registou uma procura "maior" para 2017. "Temos os quartos todos reservados, mas ainda não estão confirmados. Geralmente, temos sempre os mesmos grupos em agenda", adiantou Maria Natália Neves. Já no Hotel Steyler, que dispõe de 204 quartos, este ano sobraram 20 camas, mas já não há qualquer disponibilidade para reservas de 12 para 13 de maio de 2017. "A visita do Papa veio triplicar a procura. Já temos o hotel completo", adiantou Catarina Neves, assistente da direção. Neste momento, é feita uma lista de espera, que funcionará caso haja alguma desistência.
Preços aumentam
Alexandra Frazão, da agência de viagens Verde Pino (Fátima), confirma que a procura "é muito elevada para 2017, mas para o ano todo, não só para 12 e 13". Como já não há capacidade em Fátima, tem estado a encaminhar os grupos para Coimbra, Leiria, Nazaré, praia da Vieira. São sobretudo estrangeiros: americanos, coreanos, italianos, espanhóis, franceses. "A maioria vem pelo centenário das Aparições. Há pessoas que nem sabem que o Papa vem a Portugal."
Como a procura é elevada, Alexandra Frazão diz que os hotéis vão subir os preços, informação confirmada ao DN por algumas unidades hoteleiras. "Não é nada especulativo. Em média, será mais 10% do que é praticado este ano", confirmou a responsável da agência de viagens.
Nélson Miranda, subdiretor da Scalivete (Sociedade Católica Viagens e Turismo), atesta que é normal existir um aumento das tarifas. "No ano passado sei que chegaram a vender duas noites por 300 euros num hotel de três estrelas", adiantou. Para o centenário das aparições, Nelson está a programar uma "operação charter" e, além das reservas em Fátima, está "prevenido" com Tomar para outubro.
À semelhança do que fez a Coreia do Sul e o México, Alexandre Marto disse ao DN que espera que Portugal aproveite "a grande oportunidade" que é a visita do papa Francisco. "A visibilidade de Fátima já é enorme. Se Portugal não aproveitar a oportunidade mediática para lançar o turismo religioso e o nome do País, é absurdo", frisa o presidente do ACISO.