A porta-voz do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, declarou, esta segunda-feira, que o acordo parlamentar à esquerda que viabilizou o Governo do PS "não teria existido" sem a exigência dos bloquistas.
Num jantar em Évora, perante mais de uma centena de militantes alentejanos, Catarina Martins asseverou que o BE continuará a "esticar a corda" para manter "uma maioria" que enfrente Bruxelas e mantenha a trajetória de recuperação de rendimentos dos portugueses.
"Sabemos que o país precisa de mais. E é por isso que continuamos a ser exigentes. A maioria é um compromisso para a recuperação de rendimentos, e no BE ninguém se poupa a esforços para que esse caminho possa ser feito. A nossa exigência é o cimento da recuperação de rendimentos", prosseguiu a dirigente bloquista.
Sem a exigência do Bloco, continuou a porta-voz do partido, o "acordo para a maioria parlamentar não teria existido", e a opção seria o continuar da "austeridade dura" da direita - PSD e CDS-PP foram muito criticados por Catarina Martins - ou a aplicação de uma "austeridade 'mais soft'" do PS.
Na intervenção de cerca de 20 minutos, a bloquista traçou um balanço dos seis meses passados desde a assinatura da plataforma comum de entendimento com o PS que apoiou a chegada ao Governo do executivo liderado por António Costa.
Catarina Martins deixou farpas aos partidos da direita, PSD e CDS-PP, que, advogou, recorrentemente dizem que a maioria de esquerda "cai ou vai ceder a novas medidas de austeridade".
"A direita tem estado agarrada à ideia da bancarrota porque sem bancarrota a direita não existe", defendeu.
E prosseguiu: "A direita pode dizer à vontade que a casa está a arder, mas a casa não está a arder. Aí está uma maioria para recuperar rendimentos. O BE não desiste dessa maioria e dessa recuperação de rendimentos".
No arranque da sua intervenção, a porta-voz do BE abordou o termo 'geringonça', por alguns usado de forma pejorativa para definir o entendimento à esquerda, mas com Catarina Martins a buscar a definição técnica da palavra que a define como uma "máquina complexa, com muitos parafusos, e que funciona".
Antes da intervenção da líder bloquista falaram alguns representantes do partido no Alentejo e a vice-presidente da bancada do BE no parlamento Mariana Mortágua.
A deputada trouxe a debate o tema da educação e dos cortes no financiamento de colégios privados, que definiu como uma "medida de facto de poupança orçamental", de "cortar nas gorduras do Estado".
PSD e CDS-PP, realçou, falam agora com "desplante" na "proteção de trabalhadores, do ensino, do princípio constitucional da confiança".
A direita, prosseguiu Mariana Mortágua, de forma incisiva, "dizimou dezenas de milhares de empregos da escola pública e esteve-se marimbando para a precariedade das escolas privadas" nos últimos anos.
O jantar distrital de Évora marca o fim do primeiro de dois dias de jornadas parlamentares do BE na região do Alentejo.
Na terça-feira, haverá uma reunião de trabalho do grupo parlamentar bloquista e o encerramento das jornadas - com a apresentação de novas propostas legislativas do partido - será feita ao começo da tarde, pelo líder parlamentar, Pedro Filipe Soares.
O BE tem, desde as eleições legislativas do ano passado, o maior grupo parlamentar da sua história: o partido soma 19 deputados na Assembleia da República.