A deputada social-democrata Maria Luís Albuquerque implicou PCP e BE em futuros "planos B, C ou D", dizendo que não podem "tirar o cavalinho da chuva" dos Programas de Estabilidade e de Reformas.
"Não vale a pena o PCP tentar tirar o cavalinho da chuva. Todos nesta maioria, PS, PCP e Bloco, são responsáveis por este Programa de Estabilidade, por este Programa Nacional de Reformas e por todas as consequências que terão para o país", afirmou Maria Luís Albuquerque no parlamento.
Na discussão em plenário do Programa de Estabilidade e do Programa Nacional de Reformas, a ex-ministra das Finanças defendeu que não vale a pena PCP e BE dizerem "que só concordam com o que não está lá, porque os portugueses não deixarão de perceber a quem cabe a responsabilidade pelo que vier a estar nos planos B, C ou D que serão forçados a pôr em prática para anular os efeitos da irresponsabilidade orçamental".
O deputado socialista João Galamba usou o período de pedido de esclarecimentos para acusar Maria Luís Albuquerque de ter falhado "todas as metas" e bater "recordes de orçamentos retificativos".
Para a deputada do BE Mariana Mortágua, a diferença foi que Maria Luís Albuquerque e o Governo PSD/CDS-PP falharam metas aplicando a austeridade "de corpo e alma". A deputada bloquista acusou ainda o PSD de não ter pensamento sobre as regras de Bruxelas: "O PSD não pensa, o PSD obedece", declarou, provocando um protesto ruidoso da bancada social-democrata.
Quando voltou a usar da palavra, Maria Luís Albuquerque pediu que os deputados não usem "um determinado tipo de linguagem que não é típico" do parlamento e tornou a implicar PCP e BE nas soluções dos programas. "Se não querem estar na Europa, não formem Governo com um partido que diz quer cumprir as regras da Europa", afirmou.
Antes, na sua intervenção, Maria Luís Albuquerque defendeu que o Programa de Estabilidade é "irrealista nas projeções e vazio nas medidas" e o Programa Nacional de Reformas "simplesmente não contém reformas".
"Não é possível descortinar uma única reforma de fundo capaz de melhorar a capacidade de crescimento da economia, de criar a riqueza que a cada passo afirmam querer distribuir. O que evidencia são profundas inconsistências entre as 'promessas' que inclui e os objetivos do Programa de Estabilidade", argumentou.
Maria Luís ilustrou com os funcionários públicos, afirmando que no Programa de Estabilidade sofrem "uma redução acentuada" e no Programa Nacional de Reformas é anunciada "a contratação de milhares de funcionários públicos na saúde, na investigação, na saúde, na investigação, na educação".
A deputada do PSD sublinhou ainda que o Programa de Estabilidade não inclui o efeito das reformas a concretizar pelo Governo. "O próprio Conselho das Finanças Públicas afirma não ter conseguido obter essa informação. A UTAO realça também a falta de informação sobre a natureza e impacto das medidas de consolidação contra cíclicas, não incluídas no programa de estabilidade, ao contrário do que sucedeu em anos anteriores. Porque será, senhores deputados?", questionou.
"Prefere o primeiro-ministro vir a apresentar as medidas como tendo sido impostas por Bruxelas? Prepara-se para dizer aos portugueses que não queria, mas que foi obrigado? Isto só demonstra falta de convicções e de princípios", declarou.