O presidente do PSD criticou, este sábado, o Governo pela ausência de estratégia a médio prazo no Plano Nacional de Reformas apresentado esta semana para o período até 2020, afirmando que o "vazio" oferecido ao país "não é tolerável".
"No Programa Nacional de Reformas vemos muitas medidas, muitas das quais merecem a nossa concordância, mas não vemos uma estratégia para os próximos anos. Não é certamente ser mais próspero, ter melhores escolas, melhores estradas, melhores vias férreas, melhores equipamentos. Ter bons equipamentos não é uma estratégia", afirmou Pedro Passos Coelho, no encerramento das primeiras Conferências da Liberdade, organizadas pela concelhia social-democrata de Santarém.
Para o líder social-democrata, esperava-se que as perspetivas de médio prazo apresentadas pelo Governo liderado pelo socialista António Costa "traduzissem uma estratégia clara", que "aponte as causas dos problemas e dos estrangulamentos" e que "traduza uma vontade de fazer desenvolver o país nos próximos anos num determinado sentido".
Passos Coelho reafirmou o seu ponto de vista, de que a economia só poderá crescer se o país for capaz de atrair investimento externo, admitindo que possa haver quem pense que é possível pagar dívida e gerar emprego com uma economia "mais estatizada, mais pública".
"Podemos discutir, mas é preciso saber qual é a proposta e a estratégia que se nos oferece", disse, considerando que o "vazio que foi oferecido quer com o Programa Nacional de Reformas quer com o Programa de Estabilidade não é tolerável".
O programa de estabilidade é, no seu entender, "uma mistificação que ignora totalmente as condições reais de que partimos".
"Se podemos caracterizar uma estratégia ao Governo e à maioria é de que estão numa fuga em frente, sem olhar para a realidade, aumentando dramaticamente os riscos a que vão sujeitar toda a sociedade portuguesa, talvez na esperança de que alguma coisa muita errada que possa acontecer em todo o espaço europeu venha criar uma solução que o Governo não é capaz de propor por si próprio para Portugal".
Para Passos Coelho, este é "um caminho perigoso", que corresponde a "uma cegueira que já foi seguida no passado, mas que hoje não tem desculpa para ser repetida".
"Aquilo que nos é proposto é que façamos de conta que não temos o legado que temos, que os dados observados no último trimestre de 2015 não existiram, que os dados que estão projetados nas previsões que refletem não é apenas otimismo, é um excesso de otimismo, impossível de ser cumprido ao longo do tempo que nos resta este ano", afirmou.
Passos Coelho classificou de "fantasia" a promessa de redução da despesa com a existência de menos funcionários públicos ao mesmo tempo que se anuncia a contratação de mais médicos, mais enfermeiros, mais funcionários judiciais.
"Nada desta fantasia tem aderência à realidade", declarou.