Discurso de encerramento do 36.º Congresso do partido, que decorreu em Espinho.
O líder do PSD rejeitou, este domingo, que o partido tenha uma "querela" com a Constituição, sublinhando que os chumbos a decisões do seu Governo foram também consequência da necessidade de recorrer a medidas que estavam no "limite do admissível". E insistiu nos dois desafios que já tinha feito ao PS na abertura do congresso: reformar a Segurança Social e alterar o sistema eleitoral. O discurso de encerramento foi, em grande parte, uma repetição das ideias do discurso de abertura.
Os dois desafios que deixou ao PS têm, contudo, uma condição: "Não queiram falar em compromisso de ideias e de projetos se não se aproximarem de nós. Não estamos do contra por estar do contra. Nós apresentamos as nossas propostas, mas não nos peçam que troquemos de convicções".
Não queiram falar em compromisso de ideias e de projetos se não se aproximarem de nós"
Em matéria da Segurança Social, Passos diz que tem uma proposta, que partilha com o CDS, mas para a qual precisa do contributo de mais partidos. "Aceitem fazer esta discussão e tragam com os parceiros sociais vontade genuína de pensar no futuro e não apenas nas próximas eleições", disse.
Sobre os sistema eleitoral, voltou a repetir o que dissera na sexta-feira: "Não temos eleições à vista para a Assembleia da República. Não as perspetivamos nos próximos anos", insistindo na necessidade de retomar uma proposta que no passado já foi bem acolhida pelo PS, referindo-se ao voto preferencial, que permite escolher nomes e não listas.
"Não precisamos apenas que o sistema funcione melhor mas que possa gerar mais responsabilidade. Por maioria de razão, nas últimas eleições, os cidadãos sentem que nem sempre o que julgam escolher é o que se passa depois", disse.
Passos Coelho justificou as duas propostas com o que diz ser a "vocação reformista" do PS e retomou também uma ideia que lhe é cara, a da liberdade de escolha na saúde, na educação e no apoio social.
O reeleito líder do PSD voltou a esvaziar as expectativas de quem no congresso falou do regresso ao poder. "Somos um partido que não tem pressa. Temos tempo", avisou o líder, voltando a fazer uma separação com o atual governo.
"As regras são claras: é quem hoje Governa que tem de responder pela estabilidade e pelos resultados, e é quem faz Oposição que tem obrigação de apresentar caminhos para o futuro", disse, garantindo que o PSD vai apresentar propostas para melhorar o presente.
No início do discurso, Passos justificou o passado e garantiu que não tem nenhuma "querela" com a Constituição.
"Muito do que aconteceu nos últimos anos está relacionado com a interpretação que se fez da salvaguarda de princípios constitucionais, mas é sobretudo consequência de termos tido necessidade de recorrer a soluções extraordinárias e difíceis que estiveram sempre no limite daquilo que podia ser o admissível", disse o presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, no encerramento do 36.º Congresso do partido, que decorreu em Espinho, no distrito de Aveiro.
Assegurando que "o PSD não tem uma querela constitucional", Passos Coelho voltou, contudo, a defender a necessidade de melhorar a Lei Fundamental.