O secretário-geral do PCP avisou, este domingo, que a solução governativa encontrada desde novembro tem "caráter limitado". Na celebração do 95.º aniversário do partido, Jerónimo de Sousa admitiu ainda que o Orçamento de Estado é "um sinal de inversão" da política estabelecida pela Direita.
Numa cheia Aula Magna, em Lisboa, Jerónimo frisou a necessidade de o PCP manter a luta nas ruas e nos locais de trabalho. Disse o líder comunista que essa "luta [é] tão mais necessária quando fica patente em toda a evolução destes meses, apesar dos avanços positivos, o caráter limitado da atual solução política e a necessidade de dar cada vez mais força a uma verdadeira política alternativa".
Mais uma vez, referiu que o Orçamento de Estado (OE) não é do cunho do PCP. Porém, garantiu que é documento "com sinais de inversão de um rumo que não se pode subestimar". "É um Orçamento que ousa, apesar do governo aceitar os critérios e orientações determinadas por Bruxelas, questionar o rumo das reformas ditas estruturais. Atreve-se a devolver salários e direitos", disse, sob aplausos.
Jerónimo de Sousa explicou "que o PCP está a intervir no trabalho de especialidade do Orçamento do Estado para 2016". Entre as propostas que os comunistas querem ver satisfeitas está "aumento extraordinário de 10 euros das pensões e reformas" ou "o aumento da contribuição extraordinária sobre o setor energético".
Defendeu o secretário-geral do PCP que o OE está sob fogo de Bruxelas, com "colaboração ativa dos seus acólitos nacionais, para manter os instrumentos de domínio económico do grande capital e das principal potências europeias".
O comunista acusou o PSD e o CDS-PP de "manobrar e convocar toda a rede tentacular de influências, nomeadamente institucionais, para desacreditar toda e qualquer solução que saia dos cânones que servem os seus interesses".
Por fim, Jerónimo frisou o discurso anti-europeísta, desde sempre defendido pelo PC, desde a entrada de Portugal na então Comunidade Económica Europeia (CEE), hoje União Europeia, em 1986.