O presidente e líder parlamentar do PS, Carlos César, lamentou esta sexta-feira, "os insultos" usados pelo líder parlamentar do PSD para atacar o primeiro-ministro, António Costa. E voltou a dizer que é tempo de o PSD deixar de lado o "azedume" pós-eleições e estar disponível para consensos, em nome do "interesse nacional".
"Já é tempo de falarmos mais e melhor uns com os outros. Não queremos, nem propomos ao PSD, alianças ou conjugações espúrias. Apenas esperamos a oportunidade, se eles determinarem a sua conduta pelo interesse nacional e melhorarem a sua conduta democrática", disse o líder parlamentar do PS, na abertura das jornadas parlamentares, que hoje e amanhã decorrem em Vila Real. "Não precisamos do PSD para o apoio parlamentar ao governo. Mas já é tempo de o PSD perceber que o país está à espera que o PSD regresse à realidade política nacional, sem o despeito da depressão e do azedume em que estão mergulhados desde as eleições", disse.
Passos acusa Costa de "ataque descabelado" ao Banco de Portugal
Orçamento "tem sido tudo e o seu contrário", diz Centeno
César referiu-se às declarações de ontem de Luís Montenegro, em Santarém, onde acusou o PS de "falta de vergonha" e de estar a "trazer de volta a Portugal os tempos de asfixia democrática", a propósito das críticas ao governador do Banco de Portugal, Carlos Costa. E que foram hoje subscritas pelo líder do PSD, Passos Coelho, que falou num "ataque descabelado" ao governador.
"Pensando que a violência verbal do PSD estava mais contida ou esfriada pela distância do último ato eleitoral, ouvimos ontem, pelo contrário, o líder parlamentar do PSD juntar todos os insultos disponíveis para atacar o primeiro-ministro e o Partido Socialista. Também o anterior primeiro-ministro e atual candidato à liderança do PSD o fez. Afinal, lá no fundo, eles estão convencidos que só a herança que eles deixaram é de curta duração. Parece que só a sua incontinência veio para ficar e essa sim é de longa duração. Entre os epítetos, chamaram-nos de "vergonhosos"", disse Carlos César.
O presidente do PS justificou as declarações de António Costa, com a necessidade de "soluções rápidas" para os lesados do BES. "Nem o PS nem o Governo querem controlar o Banco de Portugal. Não querem, nem quiseram controlar o Tribunal Constitucional ou qualquer outra instituição, cuja independência deva ser preservada. Mas ao PS e ao governo cabe o direito e o dever de pedir soluções rápidas, como no caso dos lesados do BES. O que não é normal, nem natural, nem próprio de um Estado de direito foi tentar asfixiar e confrontar o Tribunal Constitucional, como fez o PSD nestes últimos anos", disse.
Em relação ao Orçamento de Estado de 2016, cuja discussão na generalidade arranca segunda-feira no Parlamento, Carlos César reconhece que é "menos audacioso" do que o PS queria. "Provámos nas últimas semanas que vale a pena fazer valer as nossas razões nacionais na UE. Basta constatar que o OE que propomos, se é menos audacioso do que desejávamos, é muito melhor do que seria o OE proposto e referenciado em Bruxelas pelo anterior governo", disse, mostrando-se confiante na sua aprovação. "Sei que os nossos aliados, que connosco trabalham diariamente no Parlamento, entendem e acredito que a maioria dos portugueses o compreende", disse.