15 doenças capazes de confundir os médicos
Uma "simples" apendicite ou uma enxaqueca estão entre as doenças mais difíceis de diagnosticar
Existem doenças que podem confundir os médicos dadas as suas variações. "Muitos dos sintomas não são específicos e são variáveis, dependendo de pessoa para pessoa", explica David Fleming, professor na Universidade de Missouri e presidente do Colégio Americano de Médicos. "Para além disso, muitos testes de diagnósticos são caros e não são feitos regularmente, e mesmo assim, nem sempre nos dão uma resposta certa, preto no branco", acrescenta.
15 exemplos de doenças que podem ser difíceis de diagnosticar:
1. Síndrome do Intestino Irritável
Quando se torna difícil detetar e identificar doenças e sintomas, normalmente é aplicado o típico "diagnóstico de eliminação" que consiste em "descartar-se todas as outras possibilidades", diz Fleming. A síndrome do intestino irritável - perturbação motora do tubo digestivo que motiva diversos sintomas digestivos crónicos ou recorrentes (dor abdominal, cólicas, diarreia e/ou prisão de ventre) na ausência de uma causa orgânica detectável - é um desses casos.
De acordo com os critérios de diagnóstico, o paciente deve ter sintomas pelo menos seis meses antes para uma primeira avaliação formal, e sentirem desconforto pelo menos três dias por mês nos últimos três meses antes de serem diagnosticados pela síndrome.
2. Doença Celíaca
Sendo uma doença causada pela intolerância ao glúten, que provoca inflamações no intestino delgado, e também, dificuldades de absorção dos nutrientes dos alimentos por parte do organismo, esta leva, em média, 10 anos a ser diagnosticada corretamente nos doentes. Deste modo, alimentos que contenham glúten - trigo, aveia, cevada, centeio, massas, pizzas, bolos, biscoitos, vodka, entre outros - são proibidos aos celíacos.
Apesar de a derreia e a perda de peso serem sintomas da doença, apenas afetam cerca de metade dos doentes. A doença pode causar dores de cabeça, comichões na pele, dor nas articulações, azia, etc. A forma mais eficaz de confirmar a doença é através de analises ao sangue.
3. Fibromialgia
A fibromialgia é uma síndrome crónica caracterizada por queixas dolorosas neuromusculares difusas pela presença de pontos dolorosos em regiões anatomicamente determinadas. Fadiga, perturbações do sono, e distúrbios emocionais são também outras manifestações que acompanham a dor. Esta envolve "sintomas sem explicação". Dado que não existem exames ou análises que permitam a confirmação de diagnósticos, muitas das vezes, os especialistas têm de excluir hipóteses de outras doenças.
"Há estudos que mostram que as pessoas, com alguns sintomas, apresentadas a reumatologistas serão diagnosticadas com fibromialgia, mas se essas mesmas pessoas forem apresentadas a um gastroenterologista, o diagnóstico altera-se para síndrome do intestino irritável", diz Eugene Shapiro, vi-director do Programa de Investigação Medicina da Universidade de Yale.
4. Artrite Reumatoide
Caracterizada por dores muitas vezez insuportáveis, a artrite reumatoide (AR) é uma doença reumática sistémica, e dado que existem vários tipos de artrite, esta é a forma mais comum de artrite. Esta doença pode aparecer em qualquer idade, e a sua componente inflamatória provoca dores nas articulações, inchaço, rigidez, podendo atingir e causar alterações na cartilagem, osso, tendões e ligamentos das diversas articulações. Através de exames ao sangue pode detetar-se a presença de inflamações no corpo.
5. Esclerose Múltipla
A esclerose múltipla é uma doença crónica, inflamatória e degenerativa que afeta o Sistema Nervoso Central. Esta ocorre quando o sistema imunitário ataca as células nervosas, interrompendo a comunicação entre o cérebro e o resto do corpo. Com maior incidência nas mulheres do que nos homens, a doença atinge pessoas entre o 20 e os 40 anos. A dormência, fraqueza ou formigueiros, em um ou mais membros do corpo, são alguns dos sintomas. Estes podem ser mais ou menos graves variando de pessoa para pessoa.
Segundo Shapiro, a esclerose múltipla pode ser periódica e com picos de intensidade, dependendo do número de lesões no cérebro, assim como a sua localização. Apesar de se poder levar anos a chegar a um diagnóstico certo, uma punção lombar ou uma ressonância magnética podem ajudar a confirmar o mesmo.
6. Doença de Lyme
A doença de Lyme é uma doença infecciosa multissistémica. O agente responsável pela doença é a bactéria espiroqueta Borrelia Burgdorferi, que é transmitida ao homem pela picada de alguns insetos. Os sintomas são fadiga, dores de cabeça, dor nas articulações, e sintomas de gripe, o que faz com que pode ser facilmente confundida com outras doenças.
Um exame ao sangue pode verificar se existem anticorpos da doença de Lyme no sangue.
7. Lúpus
O lúpus pode apresentar-se de formas diferentes; pode afetar as articulações, rins, cérebro, pele, pulmões, etc. Não há uma maneira de diagnosticar o lúpus, mas os exames ao sangue e à urina, para além de um exame físico completo, são geralmente realizados.
Sendo uma doença crónica e autoimune, em que o sistema que normalmente protege o nosso corpo se vira contra si próprio e o ataca, esta acaba por provocar inflamações acompanhadas de dor, calor, e inchaço. Para esta doença, não existe cura e o diagnóstico pode ser um processo longo e difícil. O próprio tratamento depende dos sinais e sintomas individuais de cada paciente, de modo a que os medicamentos e as suas dosagens sejam ajustados
8. Síndrome dos ovários poliquísticos
Menstruações irregulares, aumento de peso, e dificuldade em engravidar podem ser alguns dos sintomas desta síndrome que consiste numa desordem hormonal que afeta mulheres ainda menstruadas. A síndrome dos ovários poliquísticos é também caracterizada pela alta produção de testosterona (que pode aumentar o número de pelos), e pela presença de microquistos nos ovários.
9. Apendicite
A apendicite diz respeito a uma inflamação do apêndice, que é uma pequena bolsa presa no início do intestino grosso. Os sintomas típicos da apendicite são náuseas, dor, sensibilidade à volta do umbigo, e por vezes, febres baixas.
"Às vezes, as pessoas têm dores, mas de seguida o apêndice rompe e como a dor é aliviada, elas pensam que está tudo bem com elas", alerta Shapiro. Nesses casos, os fluidos intestinais podem infiltrar-se na zona abdominal e causar infeções potencialmente fatais. Os sintomas dessas infecções podem levar dias e até semanas.
10. Endometriose
Grande parte das mulheres, apesar de saudáveis, lida com dores menstruais e algum desconforto, o que leva a que a doença seja frequentemente diagnosticada com dificuldade. Esta patologia caracteriza-se pelo crescimento do tecido uterino, mas fora do útero. As mulheres com endometriose, normalmente, relatam dor pélvica, cólicas, e sangramento intenso (mais intenso que o normal e que piora com o tempo).
Um exame pélvico pode, por vezes, detetar o tecido endometrial (mucosa que reveste a parede uterina) ou quistos que foram causados por ele. Noutros casos, uma ecografia ou uma laparoscopia são necessários para um diagnóstico definitivo.
11. Enxaqueca
Dores de cabeça muito fortes, por vezes acompanhadas de náuseas, vómitos, ou sensibilidade à luz e som. "Os pacientes podem sentir tonturas, vertigens, e até um vago desconforto nas suas cabeças, e muitas vezes estão a ser tratados com medicação que pode não ser apropriado para uma verdadeira enxaqueca." Um neurologista deve ser capaz de fazer o diagnóstico adequado. Muitas pessoas podem ter enxaquecas e nem saberem.
12. Cefaleia
A dor de cabeça, ou cefaleia, é muitas vezes incompreendida, pois tende a ocorrer muitas vezes ao dia de 30 minutos a três horas, em média. Consiste, assim, num sintoma ocasional e temporário de inúmeras doenças, embora em alguns casos constitua a principal manifestação de um problema específico, podendo ela própria constituir uma doença.
13. Hipotireoidismo
Trata-se de uma disfunção da glândula tiróide que resulta da produção insuficiente de hormonas tiroideias que regulam o metabolismo celular, intervindo na frequência cardíaca, na tensão arterial e na temperatura corporal. Estas ajudam, assim, a regular o peso, a energia e o humor.
Os principais sintomas são o cansaço, a intolerância ao frio, a obstipação, o aumento de peso, a perda de cabelo, a secura e espessamento da pele e a dificuldade de concentração ou memorização. Pode ser confundido com outras doenças, como a depressão e a fibromialgia.
14. Diabetes
Segundo Fleming, existem muitas pessoas com os níveis de açúcar no sangue demasiados elevados, mas que nem sabem que podem ter diabetes. A diabetes tipo 2, se não for tratada pode causar danos graves nos principais órgãos do corpo, pondo a vida do paciente em risco.
A sede constante, fome frequente, vontade de urinar diversas vezes, perda de peso, fadiga, fraqueza, nervosismo, mudanças de humor, infeções frequentes, dificuldade na cicatrização de feridas, formigueiros nos pés, entre outros, são alguns dos sintomas da diabetes, no geral.
15. Doença Inflamatória do Intestino
Existem dois tipos dentro da doença inflamatória do intestino: a doença de Crohn e a colite ulcerosa. Ambas causam inflamações no sistema digestivo, assim como, dor, diarreia e desnutrição. Por não existir um teste específico que detete a doença, é necessário ir-se pelo caminho de exclusão de partes. "Se um paciente chega com dores abdominais graves, em primeiro lugar colocaríamos a hipótese de problemas na vesicular biliar (...) se vier com as fezes moles, já pensaríamos numa infeção. Então passaríamos a testes ao sangue, e outras avaliações para irmos excluindo as diversas hipóteses, de modo a podermos trata-lo para ver os resultados", explica Shapiro.