AS CEGONHAS
Hans Christian Andersen
UMA cegonha construíra seu ninho no telhado da última casa de um povoado. A mamãe cegonha estava sentada no ninho com seus filhotes, que assomavam seus biquinhos negros, pois ainda não haviam adquirido sua cor vermelha.
Papai-cegonha estava a pouca distância, na beira do telhado, em pé e entorpecido, com um pé recolhido embaixo do corpo, fazendo de sentinela. Parecia esculpido em madeira, devido à sua imobilidade.
- Minha esposa deve ficar satisfeita ao ver uma sentinela guardando seu ninho - pensava. - Ninguém sabe que sou seu marido e talvez todos pensem que recebi ordens para montar guarda aqui. Isso é muito importante.
E continuou de pé num só pé, porque as cegonhas são verdadeiras equilibristas.
Um grupo de garotos brincava na rua; e, ao ver a cegonha, um dos mais atrevidos, seguido pelos outros que lhe faziam coro, entoou uma cantiga a respeito das cegonhas, cantando-a meio de improviso:
Vela por teu ninho, pai-cegonha,
Onde te esperam três pequeninos.
O primeiro morrerá de urna estocada,
O segundo queimado
E o terceiro enforcado.
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