Especialistas alertam para a importância do contacto com o bebé nos primeiros tempos de vida.
A antropóloga Jean Liedloff, no seu livro The Continuum Concept, propõe a ideia de ser necessário criar uma «tribo» em torno do bebé, estabelecendo laços de interajuda e apoio mútuo com outras mães e pais no sentido de combater o isolamento a que a nossa sociedade cada vez mais nos remete, e criar os bebés em constante contacto com as mães – ou outro cuidador familiar – enquanto estas estão nas suas vidas, mas atentas e responsivas às necessidades sinalizadas pelos seus bebés.
O bebé sonhado
Mais do que sobreviver, é importante viver, deixar-se entusiasmar por este bebé sonhado, fruto de um amor e de um projeto de vida partilhado ou pelo menos suficientemente aceite para aí estar, porque é este entusiasmo, este amor, que lhe vai conferir existência. Corpo de desejo e de prazer, constrói-se nas trocas com a mãe, na primeira fase da amamentação em que o bebé mergulha no odor da mãe, cinco meses passados já diferencia a mãe do pai e lidera a relação com intencionalidade afetiva, quando se senta no mês seguinte “agarra o mundo com o olhar”, aos nove, dez meses gatinha e põe-se em pé, testa a sua autonomia quando pai e mãe estão lá para festejar e, num instante, começa a andar e se torna um parceiro de descobertas e de “faz de conta”; o desejo de comunicar leva-o à palavra e daqui à questão, e a confiança de quem é digno de ser amado faz de si uma pessoa inteira.
Criando laços de amor
Acariciar o bebé transmite-lhe amor, segurança e cria uma reciprocidade entre os pais e o bebé, ajudando-os a conhecê-lo melhor do que o que qualquer livro lhe possa dizer. Quase nunca se erra ao pegar demais no bebé, mas pode pegar-se de menos – é o que nos diz Michael Jellinek, pedopsiquiatra. Pegar demais só é prejudicial se surge de uma ansiedade excessiva da mãe de que aconteça algo terrível, quando é por medo e não por prazer, quando a mãe se esforça demasiado por ser “a mãe perfeita”. Stanley Greenspan, pedopsiquiatra, refere que algumas mães levam a peito quando o bebé se afasta ou parece não estar satisfeito quando o tocam, interpretam que ele não gosta delas; «não desencorajem», recomenda o especialista, «o toque é como qualquer outra sensação, alguns gostam de Beethoven, enquanto outros apreciam rock. Não se iniba, tente tudo, vai encontrar uma forma de se sentir próxima, que traga prazer ao bebé e a si.»