Imran Khan está a ser acusado de envolvimento num esquema de corrupção. Polícia deteve mais de 900 manifestantes e pelo menos cinco pessoas morreram durante os confrontos violentos.
O antigo chefe do Governo paquistanês e atual líder da oposição, Imran Khan, encontra-se em prisão preventiva, depois de um tribunal de Islamabad ter ordenado uma detenção que irá manter o político atrás das grades ao longo de pelo menos uma semana.
As autoridades alegam que Khan esteve envolvido no caso Qadir Trust, um processo que investiga eventuais atos de corrupção ligados a um fundo educacional. A decisão desta quarta-feira arrastou milhares de manifestantes para as ruas das principais cidades e obrigou o Executivo a convocar o Exército para controlar a agitação.
Foram contabilizados cinco mortos e, em Punjab, a província mais populosa do país, mais de 900 manifestantes pró-Khan foram detidos, sendo que pelo menos 130 polícias ficaram ainda feridos durante os protestos. Depois de vários edifícios estatais serem alvo de vandalismo, o Exército do país divulgou um comunicado a alertar que qualquer novo ataque nos moldes dos anteriores "será recebido com uma severa retaliação", cita a agência Reuters.
Os confrontos violentos explodiram entre os simpatizantes do Partido da Justiça do Paquistão, ao qual Khan pertence, e as forças de segurança, após a detenção do ex-primeiro-ministro esta terça-feira.
O episódio aconteceu após meses de crise política, já que a antiga estrela de críquete acusou os militares - que possuem grande influência no país - de estarem envolvidos num esquema que tinha como objetivo assassiná-lo. Porém, o ministro do Planeamento e Desenvolvimento, Ahsan Iqbal, negou que o Governo tenha mão na detenção. "Não há vitimização. A prisão de Khan foi ordenada pelo tribunal de Islamabad, que declarou a prisão de acordo com a lei", referiu, em conferência de imprensa.
O advogado de Khan, Khawaja Harris, disse ter pedido que a audiência não ocorresse à porta fechada, mas o apelo não foi ouvido, revelando ainda, em declarações no exterior do tribunal, que durante as mais de 24 horas que Khan esteve detido até ser presente ao juiz não recebeu comida nem teve local para dormir.
Do lado de fora, encontravam-se ainda manifestantes que estão contra a prisão da figura amplamente acarinhada, que foram dispersados pela polícia através do uso de gás lacrimogéneo. "Vamos lutar até que libertem Imran Khan", assegurou um dos apoiantes do ex-líder ao jornal "The Guardian".
Guterres pede respeito
Enquanto a controvérsia escala no país, a repressão também cresce. A crescente tensão levou à suspensão dos serviços de Internet em todo o país por um período indefinido, inativando ainda o acesso a redes sociais como é o caso do Twitter.
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, já se manifestou sobre o caso e exortou as autoridades paquistanesas a "respeitarem o devido processo judicial" e o "Estado de Direito".