O primeiro-ministro considerou este sábado que se abrem novas oportunidades de colaboração entre Portugal e a Colômbia nas energias renováveis, na presença de empresas nacionais do setor agroalimentar e sobre a política aplicada ao consumo de drogas.
Estas três áreas de cooperação bilateral foram identificadas por António Costa após ter recebido o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, que se atrasou quase duas horas na sua chegada a São Bento.
Na sua breve intervenção perante os jornalistas, o primeiro-ministro português referiu que, ao longo dos últimos anos, a Colômbia tem acolhido investimento de várias empresas portuguesas nas áreas da energias, construção e distribuição alimentar.
"Queremos continuar a incrementar o nosso relacionamento político e económico com a Colômbia. Vemos uma enorme oportunidade no desenvolvimento do esforço conjunto para apoiar a transição energética, não apenas com as energias renováveis, mas também no que respeita ao hidrogénio verde e outras moléculas verdes", frisou.
De acordo com o líder do executivo português, "estão abertas as oportunidades para incrementar as relações económicas bilaterais".
"Seguimos com grande interesse o compromisso do presidente Gustavo Petro com a paz total na Colômbia e com o desenvolvimento inclusivo de todo o território do país", indicou.
Nesse sentido, de acordo com António Costa, o Governo português registou "o convite dirigido para que outras empresas portuguesas possam investir nas áreas do turismo e do agroalimentar, de forma a aumentar o rendimento das comunidades locais" colombianas.
"A coesão social é condição essencial para a paz", acentuou António Costa.
O primeiro-ministro disse ainda ter registado o interesse de "colaboração com a Colômbia no debate internacional que quer abrir sobre a questão da droga" e, por outro lado, no que concerne "ao melhor conhecimento da experiência portuguesa em matéria de política sobre o consumo".
"Tem de ser feito um debate internacional de forma a eliminar um negócio que é uma ameaça aos direitos humanos, uma ameaça à paz e ao desenvolvimento sustentável e inclusivo em todo o mundo", acrescentou.
No comunicado final da reunião entre António Costa e Gustavo Petro, no plano bilateral, refere-se "o compromisso intransigente com a defesa de um multilateralismo assente no Direito Internacional e na Carta das Nações Unidas, a partilha dos valores da Democracia, do Estado de Direito e dos Direitos Humanos".
Um compromisso bilateral que se estende ao "apoio à paz e à promoção de um desenvolvimento económico-social sustentável, respeitador da igualdade de género e empenhado na transição energética, no reforço da ação climática e na transformação digital".
No plano diplomático, "foi reafirmado o apoio total de Portugal à paz na Colômbia, desde o início, e aos esforços do Governo colombiano para implementar o Acordo de Paz de 2016, reativar o diálogo com o Exército de Libertação Nacional (ELN) e outras iniciativas de diálogo em curso".
A nível económico, o primeiro-ministro de Portugal e o presidente da Colômbia realçam "a evolução positiva registada no relacionamento comercial entre os dois países, nos investimentos e na presença de empresas portuguesas a operar no mercado colombiano e no interesse crescente das empresas colombianas no mercado português".
"Foi assinalada a oportunidade de renovar o âmbito do Conselho Estratégico Portugal-Colômbia no sentido de o alargar a áreas transversais do relacionamento bilateral" e "Portugal saudou a recente decisão do Governo colombiano de submeter a sua candidatura, como observador associado, à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)", lê-se no comunicado final.
Neste mesmo comunicado, é apenas mencionada a existência de guerra na Ucrânia, referência que está no mesmo parágrafo do ponto relativo à situação na Venezuela.
Petro elogia via portuguesa na luta contra a droga
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, elogiou os resultados da experiência portuguesa de prevenção e luta contra a droga e criticou o caminho diferente seguido na América Latina com elevados índices de criminalidade e destruição de democracias.
Esta análise foi feita por Gustavo Petro no final da reunião com o primeiro-ministro português, António Costa.
"Portugal seguiu já há 20 anos uma via muito diferente na luta contra a droga em relação à Colômbia e às Américas. Aqui há uma alternativa que queremos avaliar e que pode ser seguida pelos nossos povos, tendo em vista uma mudança. Em Portugal, não está criminalizada, o que não significa que seja legalizada", apontou o chefe de Estado colombiano.
De acordo com Gustavo Petro, em Portugal "há uma forte política de saúde pública, com resultados que apontam para uma redução da criminalidade e do consumo de drogas".
"É um êxito relativo a partir de um caminho que não é o da criminalização, enquanto na América Latina só se conhecem fracassos. Fracassos que se traduzem num milhão de mortos, em dez milhões de presos nos Estados Unidos, numa destruição democrática, que é evidente por exemplo no Haiti, e no fortalecimento de organizações criminosas com exércitos privados, controlo territorial e populacional", disse.