Paul Nthenge Mackenzie, o líder de um culto que promoveu o jejum até à morte de pelo menos 110 pessoas no Quénia, será acusado de terrorismo, afirmou uma procuradora à agência France-Presse (AFP).
Após uma breve audiência em Malindi, a Justiça queniana decidiu que o caso será julgado num tribunal em Mombasa, a segunda maior cidade do país. De acordo com a procuradora Vivian Kambaga, ouvida pela AFP, o autoproclamado pastor será acusado de terrorismo. A sessão contou ainda com a presença do televangelista Ezekiel Odero, também detido por suspeita de ligação ao caso.
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O fundador da Igreja Internacional das Boas Novas deve ser acusado também de homicídio, sequestro e crueldade com crianças. Mackenzie entregou-se à polícia a 14 de abril, após a descoberta de valas comuns com dezenas de corpos. O objetivo do jejum em massa, promovido pelo líder religioso, seria morrer antes do dia 15 de abril, suposta data para o fim do Mundo, para "encontrar Jesus". Pelo menos 110 seguidores morreram devido ao ritual.
A audiência foi marcada pela presença de familiares das vítimas no tribunal, enquanto seguidores de Odero cantavam e rezavam do lado de fora. O televangelista é suspeito de homicídio, auxílio ao suicídio, sequestro, radicalização, crimes contra a humanidade, crueldade infantil, fraude e branqueamento de capitais. Os procuradores salientaram que Odero e Mackenzie têm um "histórico de investimentos de negócios", incluindo um canal de televisão para transmitir "mensagens radicalizadas".
Num país com predomínio do cristianismo, o Governo queniano deverá criar uma 'task force' para supervisionar as mais de quatro mil igrejas, afirmou na segunda-feira o ministro do Interior, Kithure Kindiki, citado pela AFP. O governante garantiu que o Executivo não vai infringir "o direito sagrado da liberdade de culto, opinião e crença", mas que também não irá "permitir que criminosos façam mau uso deste direito para ferir, matar, torturar ou" levar pessoas à morte por inanição.