Fortes bombardeamentos atingiram, este sábado, Cartum, a capital do Sudão, no decurso de confrontos entre o Exército nacional sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), apesar de na última quinta-feira ter sido negociado um cessar-fogo de 72 horas.
O período de tréguas entre o Exército nacional, liderado pelo general e presidente de facto do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan, e o grupo paramilitar, comandado pelo general Mohamed Hamdan Daglo, acordado na quinta-feira, e que se deveria prolongar até à noite de domingo, foi, este sábado, novamente violado devido aos ataques aéreos e às batalhas de rua travadas entre as duas forças.
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Burhan e Daglo concordaram com vários momentos de cessar-fogo desde o início do conflito, mas nenhuma se manteve, com cada lado culpando o outro por violá-las constantemente.
"Acordámos mais uma vez com o barulho de aviões de combate e armas antiaéreas em todo o nosso bairro", disse um morador do sul de Cartum à agência de notícias AFP.
Outra testemunha afirmou que os combates aconteciam desde a madrugada de sábado, nomeadamente em torno da sede do canal público de televisão na cidade de Omdurman, perto da capital.
Milhares chegam à Arábia Saudita
O Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita revelou que um navio com quase 2000 pessoas a bordo, que foram retiradas do Sudão devido à guerra civil instaurada, chegou, este sábado, ao porto de Jeddah, na Arábia Saudita.
De acordo com as autoridades sauditas, esta é a maior operação de retirada de pessoas desde o início do conflito no Sudão, em 15 de abril. Em causa estão 20 cidadãos sauditas e 1846 pessoas provenientes de cerca de 50 países, entre os quais: Estados Unidos, França, Índia, Rússia, Turquia, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Austrália.
Segundo uma publicação no Twitter do Executivo saudita, foram também retirados elementos das Nações Unidas.
Antigo primeiro-ministro critica governação militar
Sob um sentimento de guerra civil, o antigo primeiro-ministro do Sudão, Abdalla Hamdok, disse, este sábado, que o conflito entre os dois generais sudaneses, reflete o fracasso do envolvimento dos militares na governação.
Durante um evento no Quénia, em Nairobi, Hamdok afirmou que o "papel dos militares na política" tem de ter "uma discussão mais profunda", acrescentando que espera que "os golpes militares sejam uma coisa do passado".
Pelo menos menos 512 pessoas foram mortas e 4193 ficaram feridas desde o início do conflito, segundo o Ministério da Saúde sudanês.
De acordo com a AFP, os habitantes que ainda não conseguiram fugir, permanecem trancados em casa com escassez de comida e água.