Matosinhos tem uma vasta lista de projetos alicerçados na sustentabilidade e a presidente da Câmara, Luísa Salgueiro, garante que o município está, "mais do que nunca", focado no tema. A 11 e 12 de maio, Matosinhos será palco do Fórum da Sustentabilidade e Sociedade, evento organizado pelo Global Media Group, em parceria com a Galp, CGD, Fundação INATEL, Grupo BEL e Câmara de Matosinhos.
Qual a importância deste debate acompanhado por um festival sobre sustentabilidade?
Há muito que poderia ter sido realizado um fórum destes em Matosinhos pelas razões que se prendem com a estratégia que vem sendo desenvolvida pela Autarquia no sentido da sustentabilidade. Porém, se há momento avisado, este será mesmo o melhor já que temos vindo a acrescentar ambição no trabalho que realizamos nesta área. Um bom exemplo é termos antecipado o nosso compromisso com a neutralidade carbónica para 2030, antecipando as metas nacionais e todo o trabalho que temos vindo a realizar. Quer na sustentabilidade do território, quer na sustentabilidade social e nas várias formas de encararmos o tema. É verdade que se concentram neste momento histórico, quer investimentos, quer metas, que justificam que sejamos o local escolhido para este grande encontro. Estamos, mais do que nunca, focados no tema, com o envolvimento de toda a comunidade.
Atingir a neutralidade carbónica até 2030 é exequível? O que está a ser feito?
Nós entendemos que é exequível, mas aqui a mensagem mais importante não é o que o município está a fazer, mas o que a comunidade de Matosinhos está a fazer e tem de fazer para atingir estas metas. A primeira mensagem é que não é uma responsabilidade, nem da presidente da Câmara, nem dos serviços municipais. É a responsabilidade de cada cidadão e de cada cidadã. A nossa grande responsabilidade é definir metas, traçar estratégias, envolver a comunidade. É a fase em que estamos agora. A mais exigente é mesmo essa: a sensibilização, junto dos mais novos e dos mais velhos e alavancar todas e todos. Reduzimos, desde 2009, 40,2% das nossas emissões de gases com efeito estufa, portanto, tem sido um trabalho com consequências.
Garantir o acesso a uma habitação é um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Sendo Matosinhos um dos concelhos com os preços mais elevados, o que é que está ou pode ser feito para assegurar este direito?
É verdade que o nosso preço por metro quadrado não foge ao problema do aumento significativo. Isso tem boas causas, mas tem efeitos perversos. Significa que somos atrativos e temos gerado capacidade de captar pessoas que querem vir viver para o concelho, mas tem o efeito de afastar pessoas que já vivem cá e não conseguem continuar ou de evitar que algumas pessoas com menos recursos possam vir viver para Matosinhos. E nós não queremos ser um município só de pessoas com altos recursos. Uma das nossas missões é intervir com política de habitação. Há várias ferramentas para o fazer, desde a criação de áreas de reabilitação urbana para acelerar o investimento e a reabilitação de edifícios em determinadas zonas. Matosinhos aumentou o IMI para quem não reside nas suas casas, portanto, para fogos devolutos, reduzindo para o valor mais baixo de sempre para quem tem habitação própria e permanente, mas também criando uma estratégia local de habitação, que prevê a construção de fogos. Seja para renda apoiada, seja para renda acessível. Esperamos ainda este ano começar a construir os primeiros fogos da nossa responsabilidade. Da responsabilidade do IRHU, temos previstos aproximadamente 200 fogos de renda acessível também no concelho, de privados mais 100 fogos. Quando realizámos a estratégia, tínhamos uma lista de espera de aproximadamente 800 fogos, já quase duplicamos, já estamos em 1500, e isto significa que nem toda a gente vai poder ter uma nova casa, mas também temos a medida de apoio ao arrendamento. A resposta não é apenas construir para entregar às pessoas mais desfavorecidas, mas também apoiar a classe média, apoiar os jovens que têm os seus rendimentos, que têm os seus trabalhos, que têm formação, mas que não são compatíveis com o valor do metro quadrado. v
O Fórum da Sustentabilidade e Sociedade inclui uma grande conferência, a 11 e 12 de maio, no Salão Nobre da Câmara de Matosinhos. Pode inscrever-se para assistir ao vivo ou seguir em direto através dos sites do JN, DN, TSF e Dinheiro Vivo.
Mudança na Energia
O primeiro painel, na manhã do dia 11, será dedicado às "Tendências globais na energia" e contará com a comissária europeia Kadri Simson e Jos Delbeke, especialista em políticas climáticas.
Futuro sustentável
O segundo painel, dia 11 à tarde, tem como tema "Construir um futuro sustentável e inclusivo", contando com a presença da comissária europeia Elisa Ferreira e do arquiteto Gonçalo Byrne.
Objetivos e políticas
O terceiro painel, na manhã do dia 12, debaterá "Objetivos e políticas para uma Europa sustentável" e contará com o Prémio Nobel da Paz Muhammad Yunus, também conhecido como "banqueiro dos pobres".