O secretário-geral do PCP considerou, esta quarta-feira, que a solução encontrada para o presidente do Brasil discursar no parlamento é positiva e descartou que eventuais reações de repúdio por parte de partidos de direita possam afetar as relações diplomáticas.
Em declarações à agência Lusa após um encontro com a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri), em Lisboa, Paulo Raimundo lembrou que o PCP nunca acompanhou a polémica relativamente a um eventual discurso do Presidente brasileiro na sessão solene do 25 de Abril.
RELACIONADOS
Parlamento . PSD diz que sessão de boas vindas a Lula "merecia dignidade de ter dia próprio" mas respeita decisão
Boas-vindas. Lula da Silva recebido às 10 horas no Parlamento no 25 de Abril
"Uma das questões que propusemos sempre, como primeira possibilidade, até em função das datas que o Presidente Lula cá estaria, era que devíamos procurar criar uma sessão solene para o efeito, que não fosse a sessão final para o 25 de Abril. O desfecho final vai nesse sentido, o que achamos positivo", disse.
Questionado se acha que a sessão de boas-vindas a Lula pode ofuscar a sessão solene do 25 de abril, Paulo Raimundo recordou que, tendo em conta a agenda de Lula da Silva, as possibilidades para discursar "não eram muitas" e considerou que a sua ida ao parlamento "não é o problema central do país".
"Acho que nós temos problemas e tantas polémicas no nosso país... Acho que esse não é o problema central do nosso país e muito menos do 25 de Abril", disse.
Interrogado se considera que as reações da Iniciativa Liberal (IL), que só irá fazer-se representar por um deputado na sessão de boas-vindas, e do Chega, que pretende organizar uma manifestação, poderão afetar as relações entre o Brasil e Portugal, o líder comunista descartou esse cenário.
"Estão a despique, a ver quem é que dá mais. Um só vai um, o outro mete muitos cá fora... Isso não é o que marca relações diplomáticas entre Portugal e o Brasil, muito menos é o que marca o 25 de Abril", disse.
Em dezembro, quando foi a Brasília para a posse de Lula da Silva, o chefe de Estado português anunciou que o Presidente do Brasil iria a Portugal para uma cimeira luso-brasileira e visita de Estado de 22 a 25 de Abril deste ano, que culminaria com a sua participação na cerimónia do 25 de Abril.
Em fevereiro, o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, falou explicitamente num discurso do Presidente do Brasil na sessão do 25 de Abril na Assembleia da República, assinalando o seu caráter inédito, o que provocou polémica e suscitou críticas por se tratar de uma cerimónia da responsabilidade do parlamento.
Em vez de uma intervenção do Presidente do Brasil na sessão solene anual comemorativa do 25 de Abril, o parlamento decidiu antes realizar uma sessão de boas-vindas à parte durante a visita de Estado de Lula da Silva a Portugal, que hoje se sabe se realizará no mesmo dia, apenas 90 minutos antes.