O líder do Chega desafiou, esta segunda-feira, o PSD a apresentar uma moção de censura ao Governo. O repto, lançado por André Ventura a Luís Montenegro, surge na sequência das declarações do primeiro-ministro sobre a tentativa de alteração de um voo da TAP para agradar a Marcelo Rebelo de Sousa.
André Ventura considera que "a mentira, a corrupção, o abuso de poder, a promiscuidade entre as instituições e a tentativa de enlamear o presidente da República não podem passar impunes" e garante que, se o PSD não o fizer, o Chega apresentará, "nos primeiros dias de setembro, uma moção de censura ao Governo".
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"António Costa diz que, se soubesse [da tentativa de alteração do voo da TAP], teria demitido ou pressionado a demissão de Hugo Mendes e diz que não falará mais de política interna agora que se desloca para o estrangeiro. Estamos no grau zero da política, estamos no grau zero da confiança das instituições e estamos no grau zero da estabilidade", criticou André Ventura, em conferência de imprensa, afirmando que, "em condições normais, este Governo já tinha sido demitido pelo presidente da República".
"Em condições normais, este Governo não prosseguiria a sua atividade. A corrupção e o abuso de poder não terminarão enquanto este Governo não for demitido. O abuso sobre as instituições não terminará enquanto Marcelo Rebelo de Sousa não compreender que já não há saída para este Governo", disse o líder do Chega.
Apesar de reconhecer que "as circunstâncias são muito diferentes de todas as outras em que houve dissolução da Assembleia da República em Portugal", Ventura considera que "nada disso afeta ou impede a consideração evidente de que, provavelmente, em muito poucos momentos da história portuguesa pós 25 de abril, as instituições tiveram num nível de tamanha promiscuidade, corrupção e degradação".
"Este nível de promiscuidade, corrupção e degradação deve levar à demissão do Governo", reiterou.
Ventura instou, por isso, o PSD a apresentar uma moção de censura ao Governo de António Costa. O líder do Chega recordou que o PSD é o único partido à direita que pode fazê-lo, uma vez que o Chega e a Iniciativa Liberal já apresentaram moções de censura ao executivo.
"Apelo a Luís Montenegro que apresente, com urgência, uma moção de censura ao governo de António Costa, ficando aqui registado o compromisso do Chega de que, se o PSD não o fizer, apresentaremos, nos primeiros dias de setembro, uma moção de censura ao Governo. A mentira, a corrupção, o abuso de poder, a promiscuidade entre as instituições, a tentativa de enlamear o presidente da República não podem passar impunes", garantiu André Ventura, sublinhando ainda que "todos os controlos [ao Governo] falharam".
"Falhou Santos Silva, que não quis fazer os controlos quando esses controlos deviam ser feitos. Falhou o grupo parlamentar do PS. Não obstante de ser o sustentáculo do Governo, podia e devia fazer fiscalização. Em vez disso, fez reuniões preparatórias para condicionar as audições de quem era chamado às comissões. De certa forma, falhou o presidente da República por ter deixado durante tanto tempo que este nível de promiscuidade se prolongasse", criticou.