O Governo rejeitou, esta quinta-feira, ter divulgado versões contraditórias sobre quem promoveu uma reunião com elementos do executivo, deputados do PS e a presidente executiva da TAP, na véspera de Christine Ourmières-Widener ser ouvida no parlamento.
A questão da controversa reunião ocorrida em 17 de janeiro, juntando deputados do PS, elementos do Governo e a presidente executiva da TAP, foi hoje colocada pelos jornalistas de forma insistente no briefing do Conselho de Ministros.
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Na quarta-feira, o Ministério dos Assuntos Parlamentares referiu que só fez a "ponte" para marcar a reunião virtual, já que isso lhe foi solicitado, e que não incluiu por sua iniciativa convites Christine Ourmières-Widener.
Hoje, o Ministério das Infraestruturas afirmou que em 16 de janeiro foi informado que a TAP tinha interesse em participar na reunião do dia seguinte com o grupo parlamentar do PS e que João Galamba "não se opôs".
"Não há nenhuma contradição. Leiam as duas respostas", declarou Ana Catarina Mendes.
Antes, por várias vezes, a ministra da Presidência, Mariana Vieira da Silva, recusou abordar a questão desta reunião num briefing do Conselho de Ministros, alegando que a sede para esse debate é a Assembleia da República, designadamente a comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da TAP.
"Este é o tempo em que na Assembleia da República os temas são discutidos no âmbito da comissão parlamentar de inquérito, que decorre e decorrerá. Quanto ao mais, não tenho nada a acrescentar aos comunicados feitos pelos ministros das Infraestruturas ou às respostas já dadas pela ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares", declarou.
Neste ponto, Mariana Vieira da Silva fez também questão de acentuar que, "num momento a determinar pela comissão de inquérito parlamentar da TAP, o Governo também será chamado a responder".
"É no quadro da comissão parlamentar de inquérito que essas respostas devem ser dadas", advogou.
Face à repetição de perguntas sobre esta questão, Ana Catarina Mendes disse ainda que terá "todo o gosto em explicar aos jornalistas parlamentares o funcionamento a articulação do Governo com o parlamento".
"Na quarta-feira emiti uma nota em resposta a um órgão de comunicação social em que explico como funciona a articulação. Muitas vezes os grupos parlamentares solicitam a articulação com os ministérios", observou.
Tal como fizera antes Mariana Vieira da Silva, a ministra Ana Catarina Mendes considerou que o briefing do Conselho de Ministros "não é o fórum" para abordar a questão levantada na comissão parlamentar de inquérito da TAP.
Christine Ourmières-Widener confirmou, na terça-feira, uma denúncia da Iniciativa Liberal (IL) sobre a reunião com o grupo parlamentar do PS, na véspera de ir ao parlamento, em janeiro, dar explicações sobre a indemnização à ex-administradora Alexandra Reis.
O deputado Bernardo Blanco, da IL, quis saber se naquela reunião houve alguma combinação de perguntas e respostas, nos esclarecimentos a dar à Assembleia da República, ao que a gestora disse não se recordar.
"Penso que a ideia era fazerem perguntas sobre o processo e eu respondi a essas perguntas", disse a ainda presidente executiva, acrescentando que, segundo a sua agenda, não estavam membros do Governo presentes na referida reunião, mas sim assessores e chefes de gabinete de membros do Governo.
Questionada sobre de quem partiu a iniciativa de realizar a reunião, Christine Ourmières-Widener disse que, se bem se recorda, partiu do gabinete do Ministro das Infraestruturas, que na altura já era João Galamba.
Em dezembro, Alexandra Reis tomou posse como secretária de Estado do Tesouro, tendo então estalado a polémica sobre a indemnização que recebeu quando saiu da companhia aérea detida pelo Estado, levando a uma remodelação no Governo, incluindo a saída de Pedro Nuno Santos, que foi substituído por João Galamba.