A Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA) defendeu, este sábado em comunicado, que a recusa de 13 militares da Marinha em não embarcar no NRP Mondego, a 11 de março, traz a público a "grave situação que se vive nas Forças Armadas, em matéria de pessoal e material".
"Os recentes eventos são apenas mais uns, entre muitos, já sobejamente conhecidos, e onde tem campeado tudo menos o recato devido às matérias disciplinares e de justiça", lê-se no comunicado da AOFA enviado este sábado às redações.
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A associação questiona se as medidas de aprovação da Lei de Programação Militar e da despesa para a manutenção de navios da Marinha, na última semana, "não foram deliberadamente tomadas nesta altura de crise". " E se podem, de facto, satisfazer o deficit e os problemas brutais existentes na administração das pessoas e do material envolvidos na Defesa Nacional", defendem.
A AOFA espera que casos como o da polémica do NRP Mondego possam servir para que determinadas entidades possam "assumir publicamente as suas responsabilidades e não se eximir aos seus deveres".
Solidários com militares
A associação de oficiais diz estar solidária com os militares que sofrem "o agravamento da degradação das condições de trabalho que lhes são impostas".
O almirante Gouveia e Melo disse, na sexta-feira, que os marinheiros deviam ter tentado contactar as instâncias superiores antes de recusar embarcar na missão de acompanhamento de um navio russo, ao largo da ilha de Porto Santo, na Madeira, a 11 de março.
"Um ato de indisciplina é um ato muito grave que, tendo-se tornado público, tem de ter também uma resposta pública", afirmou o chefe do Estado-Maior da Armada à SIC, após ser questionado se deu um "raspanete" aos militares. O almirante dirigiu-se na quinta-feira à guarnição do navio e referiu que o ato ia ficar "registado na História da Marinha".
O grupo de 13 marinheiros, quatro sargentos e nove praças, está a ser alvo de um processo disciplinar e será ouvido na segunda-feira pela Polícia Judiciária Militar, no âmbito de um processo criminal. Os militares chegaram na sexta-feira a Lisboa e vão ser integrados em outras unidades da Marinha.