A Rússia acusou esta segunda-feira Austrália, Reino Unido e Estados Unidos de estarem a lançar as bases de um conflito prolongado na Ásia ao criarem o bloco AUKUS, através do qual Camberra poderá comprar submarinos nucleares norte-americanos.
"Com a criação de blocos como o AUKUS e o avanço das estruturas da NATO em direção à Ásia, o mundo anglo-saxónico declara que se está a preparar seriamente para um conflito que durará muitos anos", afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, durante a inauguração do primeiro congresso do Movimento Russófilo Internacional.
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O chefe da diplomacia russa duvida que "as grandes civilizações asiáticas simplesmente se submetam a ordens (...)", descartando ainda que os países da Ásia "sigam obedientemente as ideias de Washington e outros países anglo-saxões".
Lavrov observou que a Rússia não tenta "impedir ninguém de realizar os seus interesses legítimos".
"Entretanto, quando se declara a necessidade de subordinar o mundo inteiro, por exemplo, à Aliança Atlântica, e a Ásia é o território que [a NATO] pretende controlar por inteiro, não creio que o sentimento de justiça inato ao povo russo e à grande maioria das civilizações nos permita ficar em silêncio", sublinhou.
O chanceler russo acusou o Ocidente "exige publicamente que todos, incluindo países que representam grandes civilizações antigas, cumpram as suas ordens".
Lavrov acrescentou que esta é a diferença da "civilização ocidental, obcecada pela sua grandeza e exclusividade, que realmente luta até a morte para preservar por todos os meios o domínio que lhe escapa na arena mundial".
O Kremlin expressou hoje também a sua preocupação com o risco da proliferação nuclear representado pelo acordo entre Washington, Londres e Camberra.
"De qualquer forma, muitas questões surgem sobre a questão da não-proliferação" das armas atómicas, disse Dmitri Peskov, porta-voz da Presidência russa.
A Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) também alertou para os riscos de proliferação decorrentes do acordo para construir uma nova geração de submarinos nucleares na Austrália.
"Em última análise, a Agência deve garantir que nenhum risco de proliferação emana desse projeto", disse o diretor-geral do órgão da ONU, Rafael Grossi, num comunicado à imprensa.
"As obrigações legais das partes e as questões de não-proliferação são primordiais", insistiu Grossi.
Na segunda-feira, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse que a Austrália estava a realizar "o maior investimento da sua história" com a aliança AUKUS, que permitirá comprar submarinos nucleares norte-americanos antes de participar na construção de uma nova geração destes aparelhos.
Este projeto, realizado em cooperação com os Estados Unidos e o Reino Unido, vai "apoiar a economia australiana durante décadas" e criar "cerca de 20 mil empregos diretos" no país, frisou o chefe do Governo australiano.
Anthony Albanese fez estas declarações em San Diego, no Estado da Califórnia, ao lado do Presidente norte-americano, Joe Biden, e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, que se reuniram para formalizar o projeto, como parte da nova aliança militar AUKUS que junta Estados Unidos, Austrália e Reino Unido e que foi formalizada em setembro de 2021.
Esta é a primeira vez em 65 anos que os Estados Unidos partilham a sua tecnologia de propulsão nuclear.