O ministro da Defesa alemão declarou hoje em Varsóvia que a Alemanha espera poder juntar-se com os seus aliados para fornecer à Ucrânia um primeiro batalhão de tanques Leopard 2 até abril.
"Penso que poderemos entregar pelo menos um batalhão durante os primeiros quatro meses deste ano, talvez três meses. E depois, devemos fazê-lo o mais depressa possível, é claro", disse à imprensa Boris Pistorius, indicando que um batalhão ucraniano corresponde a 31 tanques.
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Segundo o ministro alemão, as negociações incidem agora sobre "talvez dois [batalhões] no final do ano", a que se seguirão, no próximo ano, "mais dois ou três, talvez quatro batalhões de Leopard 1 A5", que é uma versão anterior deste veículo blindado.
Na terça-feira, os ministros da Defesa da Alemanha, dos Países Baixos e da Dinamarca anunciaram que a Ucrânia iria receber "nos próximos meses" pelo menos 100 tanques Leopard 1 A5.
Estes tanques, de fabrico alemão, serão "renovados a partir dos 'stocks' industriais", explicaram, num comunicado conjunto.
A promessa de entrega de Leopard 1 tornou-se possível graças à 'luz verde' de Berlim aos industriais alemães para fornecerem à Ucrânia os tanques que ainda têm em armazém.
No total, serão potencialmente 178 Leopard 1, mas o número que poderá, na prática, ser entregue depende do tempo que demorar a sua reabilitação, uma vez que estes blindados estão fora de serviço há vários anos.
Por outro lado, reina ainda alguma imprecisão quanto aos países voluntários para fornecer Leopard 2, quanto ao número de tanques cujo fornecimento esses países autorizam e quanto à data em que tais blindados estarão operacionais.
Assim, a Alemanha comprometeu-se a fornecer 14 Leopard 2 A6, a Polónia 14 Leopard 2 A4 e o Canadá quatro Leopard 2, ao passo que a Finlândia, a Suécia e a Noruega, que possuem Leopard 2, indicaram querer contribuir para o esforço de guerra ucraniano, bem como Portugal e Espanha.
Pistorius afirmou hoje que, juntamente com os ministros da Defesa polaco e ucraniano, convidarão na próxima semana para uma reunião os países que farão parte desta "coligação de tanques".
"Ainda há margem para que alguns países se juntem a esta iniciativa", acrescentou.
A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas -- 6,5 milhões de deslocados internos e mais de oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Neste momento, pelo menos 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.
A invasão russa - justificada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a necessidade de "desnazificar" e desmilitarizar a Ucrânia para segurança da Rússia - foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que tem respondido com envio de armamento para a Ucrânia e imposição à Rússia de sanções políticas e económicas.
A ONU apresentou como confirmados desde o início da guerra, que hoje entrou no seu 350.º dia, 7.155 civis mortos e 11.662 feridos, sublinhando que estes números estão muito aquém dos reais.