A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) vai avançar com um pré-aviso de greve dos médicos, para os dias 8 e 9 de março, uma vez que considera que as negociações com o Ministério da Saúde não estão a avançar no bom sentido. Joana Bordalo e Sá, presidente da FNAM, anunciou esta quarta-feira que o pré aviso de greve não significa que a federação abandone as negociações, pelo que apela ao envolvimento do ministro Manuel Pizarro no processo.
A declaração da responsável foi feita, esta quarta-feira, após uma reunião no Ministério da Saúde, depois de terem sido surpreendidos com o adiamento de uma reunião técnica para serem discutidas as grelhas salariais ao final da noite de terça-feira. "Infelizmente nós hoje vimo-nos obrigados a anunciar que vamos emitir pré-aviso de greve. Não temos mesmo outra alternativa neste momento. Esta equipa ministerial está nos a empurrar para isto. Não era a medida que queríamos tomar, mas isto também é uma luta pelos doentes e para que tenham acesso e qualidade no Serviço Nacional de Saúde", explicou Joana Bordalo e Sá.
Em comunicado, a FNAM disse que irá avançar com um pré aviso de greve de dois dias, para 8 e 9 de março, "em resposta à falta de compromisso por parte do ministério da Saúde em negociar as grelhas salariais e na falta de medidas para salvar o SNS".
Ainda assim, Joana Bordalo e Sá clarifica que a FNAM não irá sair das negociações, chamando novamente o ministro da Saúde a participar nas negociações. "Nós continuamos de boa-fé. Vamos continuar a negociar e a apresentar as nossas propostas, no entanto precisamos de celeridade no processo, diligência e medidas concretas apresentadas pela parte ministerial", sublinhou.
"O travão é normal que exista, ele nota-se todos os dias. É o facto de não ter sido apresentada nenhuma medida concreta que resolva o problema dos médicos, do SNS e dos nossos doentes e utentes. Se esse travão não existisse, isto provavelmente já estaria tudo resolvido, mas infelizmente parece que não é essa a vontade do Governo ", acusou Joana Bordalo e Sá.
Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), não acompanha a FNAM no pré aviso de greve, lembrando que o processo negocial decorre até 30 de junho. "Não queremos neste momento criar perturbação no SNS", disse em declaração aos jornalistas, considerando que a decisão da FNAM "não se justifica". "Nós compreendemos que a FNAM decida anunciar uma greve num momento em que estamos a fazer um processo negocial. Tem todo esse poder e essa necessidade, mas nós não cedemos nem ao populismo nem a formas de combate muito próximas da Frente Comum e da CGTP, com todo o respeito por esses sindicatos", afirmou o presidente do SIM.
À saída da reunião, Roque da Cunha disse que há uma boa notícia que é haver um pagamento de forma adequada aos médicos das horas extra. Ainda assim, o dirigente alertou que o Governo continua a estar em falta. "Para nós o processo negocial continua. Naturalmente que o Governo ao não apresentar propostas concretas está a alimentar algum descontentamento", disse. Alertando que se "nada acontecer" depois de dia 30 de junho irão então tomar as medidas necessárias.
As negociações prosseguem na próxima quarta-feira, dia 8 de fevereiro, no ministério da Saúde.