As autoridades iranianas executaram até agora 55 pessoas em 2023, indicou esta sexta-feira uma organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos humanos, acrescentando que o crescente recurso à pena de morte visa espalhar o "terror" no Irão, abalado por protestos.
A ONG Iran Human Rights (IHR), com sede na Noruega, declarou ter confirmado pelo menos 55 execuções nos primeiros 26 dias deste ano: quatro pessoas foram executadas por motivos relacionados com a contestação social, ao passo que a maioria das pessoas enforcadas (37 condenados à morte) foram-no por crimes ligados a droga.
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A IHR não precisou o motivo pelo qual os outros 14 condenados à morte foram executados.
Pelo menos 107 pessoas correm ainda o risco de serem executadas devido à participação em manifestações no país, depois de terem sido condenadas à pena capital ou acusadas de crimes punidos com pena de morte, acrescentou a mesma fonte.
"Cada execução pela República Islâmica é política", porque o principal objetivo "é espalhar o medo e o terror na sociedade", sustentou a ONG.
"Para deter a máquina de matar do Estado, nenhuma execução deve ser tolerada, seja ela política ou não", defendeu o diretor da IHR, Mahmood Amiry-Moghaddam.
Ativistas acusaram o Irão de utilizar a pena de morte como um instrumento de intimidação para reprimir as incessantes manifestações desde 16 de setembro, após a morte da jovem curda iraniana Mahsa Amini.
A jovem morreu depois de ser violentamente espancada e detida numa rua de Teerão pela chamada polícia da moralidade a 13 de setembro, por, apesar de envergar o 'hijab' (véu islâmico), este deixar entrever parte do seu cabelo -- o que é considerado uma infração ao rígido código de vestuário feminino do país, cujo cumprimento aquela entidade tem como missão fiscalizar.
Nesse dia, Amini, de 22 anos, foi transportada já em coma para um hospital da capital iraniana, onde viria a morrer três dias depois.
Aos olhos do responsável dos direitos humanos das Nações Unidas, Volker Turk, "a instrumentalização dos procedimentos penais" pelo Irão para punir os manifestantes "equivale a assassínio aprovado pelo Estado".
A IHR e outras ONG de defesa dos direitos humanos ainda não divulgaram estatísticas sobre as execuções no Irão em 2022, mas a IHR indicou no início de dezembro que mais de 500 pessoas tinham sido enforcadas até então, um número recorde nos últimos cinco anos.