O Ministério da Saúde abriu, no dia 9, um concurso com 196 vagas para os recém-especialistas em Medicina Geral e Familiar que se formaram na segunda época de 2022, mas, segundo um aviso publicado anteontem em Diário da República, foram admitidos 212 candidatos. Se as vagas forem todas ocupadas, há 16 especialistas disponíveis para trabalhar no Serviço Nacional de Saúde (SNS) que ficarão de fora. Ao JN, a Tutela garantiu que, se no final do procedimento, sobrarem candidatos "serão abertas novas vagas".
Num momento em que quase 1,5 milhões de utentes não têm médico de família, desperdiçar 16 especialistas significaria perder oportunidade de dar médico a cerca de 24 mil pessoas. Os sindicatos dos médicos criticam. "O número de vagas é insuficiente para o número de médicos que estão disponíveis", constata Joana Bordalo e Sá, presidente da Federação Nacional dos Médicos, exigindo que o próximo concurso abra mais rapidamente e que a falha sirva de lição.
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O secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos lamenta a falta de capacidade de previsão e de organização da Tutela. "É mais uma medida casuística, não pensada e que não ajuda a fixar médicos no SNS", critica Jorge Roque da Cunha, considerando que mais valeria acabar com uma dezena de vagas vazias, mas com a certeza de que todos os interessados seriam contratados.