O presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Miguel Miranda, rejeitou esta terça-feira no Parlamento que tenha existido um aviso tardio para as cheias que se verificaram a 7 de dezembro na região de Lisboa.
"A previsão que fizemos foi a melhor que podíamos fazer. Tivemos os contactos que devíamos ter", afirmou Miguel Miranda, ouvido esta tarde na Assembleia da República pela Comissão de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias a propósito das inundações causadas pela tempestade que ocorreu na Área Metropolitana de Lisboa a 7 de dezembro do ano passado, a pedido do grupo parlamentar do Chega.
RELACIONADOS
Eventos adversos. Proteção Civil vai ter novo sistema de avisos à população
Começando a sua intervenção por fazer uma retrospetiva temporal, o responsável do IPMA explicou que o primeiro aviso (amarelo) foi feito em 6 de dezembro, existindo nesse dia "um contacto com a Proteção Civil e com a Câmara Municipal de Lisboa".
"No dia seguinte (dia em que ocorreram as cheias), foi emitido de manhã um aviso laranja e um novo contacto com a Proteção Civil e com a Câmara de Lisboa", indicou, reconhecendo que a expectativa do IPMA era de que "ia chover muito, mas não o que choveu".
Miguel Miranda explicou que a passagem do aviso laranja para vermelho acontece pelas 22:26, "numa situação já reativa", negando, contudo, responsabilidades do IPMA na inoperância das autoridades de proteção civil.
"Se me perguntar se previmos exatamente aquilo que aconteceu, eu digo-lhe que não. Agora, não podemos tratar das questões apenas quando há avisos vermelhos. Não podemos limpar as sarjetas apenas quando os avisos são vermelhos. Tentamos que os avisos vermelhos ocorram numa situação de quase calamidade", argumentou.
Nesse sentido, o presidente do IPMA defendeu que as entidades de proteção civil devem levar a cabo ações de prevenção de catástrofes "muito antes" de serem emitidos avisos vermelhos, nomeadamente o fecho de túneis nas cidades.
"O aviso laranja é mesmo para respeitar e o amarelo também. Como pudemos ver, as coisas já correram bem no dia 13 de dezembro", argumentou, considerando que se trata de uma questão de "preparação" e defendendo a necessidade de "tornar as cidades mais resilientes a estes tipo de fenómenos".
Questionado pelos deputados sobre eventuais mudanças ocorridas no funcionamento do IPMA na sequência destas cheias, Miguel Miranda indicou que "a transmissão de comunicação interna é hoje mais rápida".
A secretária de Estado da Proteção Civil também negou que tenham existido falhas na resposta às inundações.
"Não teria qualquer problema em assumir uma falha, assim eu achasse que ela tinha existido. Dizer que houve uma falha significa que determinado organismo ou determinada pessoa estava na posse e nas condições para ter uma determinada atuação e não o fez. Não é isto que estamos a falar nestes episódios que estamos discutir", disse Patrícia Gaspar.