Um terço dos jovens portugueses matriculados no ensino secundário frequenta um curso profissional e mais de metade (51%) consegue trabalho 14 meses após terminar o secundário. Portugal quer mais jovens a seguir via profissionalizante. A Fundação José Neves lançou esta quarta-feira um guia para realçar vantagens desta formação e contrariar preconceitos.
Os dados constam do "Guia sobre o Ensino Profissional: uma escolha com futuro", que a Fundação José Neves lança esta quarta-feira para ajudar a dissipar dúvidas. Carlos Oliveira, presidente da fundação, considera que é "importante contrariar o preconceito relacionado com o ensino profissional e realçar as mais-valias desta via, que pode revelar-se bastante vantajosa", nomeadamente na rapidez com que se consegue emprego e nos salários auferidos. Para além disso, permite dotar o mercado de trabalho de profissionais qualificados e com experiência prática.
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Segundo o guia, no início da vida profissional, um jovem com o ensino secundário que tenha optado pelo ensino profissional terá maior probabilidade de obter emprego e uma remuneração mais elevada do que quem tenha optado pelo ensino científico-humanístico. Aliás, um em cada cinco jovens obtém emprego na empresa onde estagiou.
Prosseguir estudos
Este tipo de formação permite também prosseguir estudos. É o que faz um terço dos jovens que concluíram cursos profissionais. Desses, quase metade (48%) inscreveu-se num curso Técnico Superior Profissional, 22% seguiram para a universidade e 23% para um instituto politécnico.
Um estudo europeu realizado pela Mckinsey (2013) junto de 5200 jovens de oito países (incluindo Portugal), revela que o preconceito pesa na hora dos jovens decidirem. Em cinco países, "os estudantes que concluíram uma licenciatura universitária consideram que a sociedade valoriza mais um curso académico do que os profissionais. No entanto, 80% acreditam que esta via teria, provavelmente, sido mais útil para encontrarem um emprego e 63% referem que teriam preferido optar pelo ensino profissional", escreve a fundação em comunicado.
As empresas procuram este tipo de formação. Num inquérito "indicaram que metade das suas necessidades de recrutamento futuras será de trabalhadores com formação profissional e que já enfrentam dificuldades em encontrar trabalhadores com este tipo de ensino, em particular técnicos de restaurante/bar e Eletricistas de instalações".
Até 2030 o país quer que 55% dos jovens façam o secundário por esta via. Em 2021, porém, eram apenas 37%, um valor que coloca Portugal entre os 10 países da União Europeia com menor percentagem de alunos neste tipo de ensino e abaixo da média europeia (49%).