De norte a sul do país, há uma corrida aos postos de combustível e longas filas para abastecer veículos e encher jerricãs, em antecipação à greve dos motoristas prevista para dia 12.
Faro, zona da Grande Lisboa, Caldas da Rainha, Aveiro, Vila Nova de Gaia e Póvoa de Varzim são apenas algumas regiões do pais onde se começou a verificar, esta quinta-feira à tarde, uma corrida aos postos de combustível originando longas filas de veículos. (ver imagens acima)
A quatro dias da anunciada greve dos motoristas de matérias perigosas, e após o anúncio do Governo de fixar os serviços mínimos entre 50% e 100% e de declarar preventivamente o estado de emergência energética para garantir o abastecimento da Rede de Emergência de Postos de Abastecimento (REPA), os portugueses preferem prevenir e evitar ficar sem combustível, numa altura de deslocações em férias e ainda com os problemas sentidos em abril bem presentes na memória.
Saiba quais são os postos de combustível onde pode abastecer durante a greve
Ainda que tenha registado um maior afluxo de abastecimentos, a Associação Nacional dos Revendedores de Combustíveis (Anarec) garante que os seus associados estão "preparados para a maior afluência dos consumidores finais" às bombas de combustível.
Em Aveiro, houve quem esperasse mais de meia hora para abastecer a viatura, constatou o JN. Junto ao centro comercial Glicínias, por exemplo, não faltaram buzinadelas a expressar impaciência e, até, quem tivesse desistido de abastecer e tenha saído da fila. Em Ílhavo, a fila num posto à face da EN 109 causou constrangimentos no tráfego. E em Vagos, um condutor que aguardava há 20 minutos para encher o depósito contou que "já ia havendo zaragata, quando uma pessoa passou à frente".
Outro exemplo, nas Caldas da Rainha, com as filas para abastecimento de combustível a fazerem esgotar o gasóleo num posto. "Já não há gasóleo", repetia à exaustão J. Eduardo Braz, funcionário da Galp da Estrada de Tornada, à saída da cidade das Caldas da Rainha. "Está ali um aviso afixado, mas ninguém lê, está tudo com a ganância", desabafou o funcionário do posto.
"Não havia necessidade de as pessoas andarem nesta correria"
"Ainda hoje ou amanhã [sexta-feira] vai chegar um camião [com cerca de 30 mil litros] de gasóleo, não havia necessidade de as pessoas andarem nesta correria, mas o povo é assim!", afirmou.
Na bomba do Pingo Doce, também na estrada de Tornada, "pelo menos desde terça-feira" que a procura de combustíveis se intensificou", disse à Lusa o operador do posto, Ricardo Silva. Porém, "hoje o movimento aumentou cerca de 30%".
Cristina Correia atesta o depósito do carro com gasóleo, mas isso não lhe retira "as preocupações com poder ficar sem combustível na carrinha" da empresa que se dedica à distribuição de azeite. "Com 15 litros por dia não vamos conseguir fazer as entregas a todos os clientes", disse.
No centro da cidade, junto à bomba da Galp [uma dos que integra a rede estratégica de postos de abastecimento (REPA)] regista-se, desde a hora de almoço, uma das maiores filas de carros. Dois deles, da PSP, à espera de vez para repor o gasóleo "que está quase na reserva".
A fila, disse o agente à Lusa, "tem andado rápido", mas o cenário "tem sido idêntico em todas as bombas" por onde foi passando.
"Para que é que é esta estupidez de virem todos a correr atestar?"
No posto do E. Leclerc, outra das bombas REPA da cidade, estava Diogo, que escolheu ao "calhas" e sem saber que, se houver greve, estará garantida a possibilidade de abastecer até 15 litros de combustível naquela bomba.
"Mas então - questionou - para que é que é esta estupidez de virem todos oa correr atestar?".
João Sousa, responsável por aquele posto garante que, "desde terça, o movimento aumentou pelo menos mais 30%". Ainda assim, nem isso leva a crer que, até domingo, falte gasolina ou gasóleo no posto.
Em Setúbal, duas gasolineiras ficaram esgotadas, o que provocou ainda longas filas nos postos onde ainda é possível abastecer.
A primeira bomba de gasolina a ficar com os tanques vazios em Setúbal foi no Poço Mouro, que, pelas 15.30 horas, encontrava-se praticamente deserta.Pela mesma hora, uma gasolineira no Vale do Cobro também anunciava que já só tinha gasolina 98.
Momentos antes, os utentes esperavam cerca de 30 minutos para conseguir abastecer e Maria Victor, de 51 anos, foi uma das últimas pessoas que conseguiu gasóleo para o seu carro. "Vim mesmo porque já não tinha, mas não atestei", indicou a mulher à Lusa, responsabilizando as pessoas pela falta de combustível. "Acho que isto é uma estupidez porque a greve só começa na segunda-feira. É a população que está fazer isto", frisou.
O mapa para saber onde não há combustível
À semelhança do que aconteceu na greve de abrill dos motoristas de matérias perigosas, está disponível a plataforma online criada pela VOST Portugal (Voluntários Digitais em Situações de Emergência) que informa sobre os postos de abastecimento que ficam sem combustível.
Em #JáNãoDáParaAbastecer o utilizador tem acesso ao mapa com a indicação dos postos a nível nacional com dados da gasolina, gasóleo e também GPL.
A greve dos motoristas de matérias perigosas está marcada para 12 de agosto, por tempo indeterminado.