A italiana Mediterranea resgatou, na quinta-feira, 54 migrantes nas águas internacionais ao largo da Líbia e está a pedir um porto seguro para realizar o desembarque destas pessoas, anunciou a organização não-governamental (ONG) nas redes sociais.
Na rede social Twitter, a ONG italiana precisou que entre as 54 pessoas resgatadas estão 11 mulheres, das quais três estão grávidas, e quatro crianças.
Os migrantes foram resgatados numa zona de busca e de resgate ao largo da Líbia, nas águas internacionais do Mediterrâneo central (rota da Líbia para Itália).
De acordo com a Mediterranea, os migrantes encontram-se agora a bordo de uma embarcação da ONG, o veleiro "Alex", que já pediu "com um caráter imediato" um porto seguro para desembarcar, local esse que não seja "o inferno" da Líbia.
A Itália mantém uma política "de portos fechados" às embarcações das ONG, acusando estas organizações, e os respetivos navios humanitários, de encorajar a imigração ilegal.
Em reação ao pedido da Mediterranea para um porto seguro, o ministro do Interior italiano e o artífice da política "de portos fechados", Matteo Salvini, disse que o pedido será recusado, sugerindo à organização que se dirija para Tunes (Tunísia).
"Os migrantes a bordo (...) estão em águas líbias e neste momento estão mais perto (...) de Tunes do que da ilha italiana de Lampedusa", afirmou Salvini, que no passado chegou a defender que a Líbia era um porto seguro.
A Líbia tornou-se nos últimos anos uma placa giratória para centenas de milhares de migrantes que tentam alcançar a Europa através do Mediterrâneo.
Território imerso num caos político e securitário desde a queda do regime de Muammar Kadhafi em 2011 e devido a divisões e lutas de influência entre milícias e tribos, a Líbia tem sido um terreno fértil para as redes de tráfico ilegal de migrantes e de situações de sequestro, tortura e violações.
Salvini acrescentou ainda: "Se esta ONG quer realmente, no seu coração, salvar os imigrantes, siga a rota para o porto seguro mais próximo. Caso contrário, sabe que iremos ativar todos os procedimentos para impedir que o tráfico de seres humanos chegue a Itália".
Caso uma embarcação não obedeça às diretrizes das autoridades italianas, a política imposta por Salvini prevê, entre outros aspetos de caráter judicial, a apreensão do navio humanitário e uma coima de 50 mil euros.
O caso do navio humanitário "Sea Watch 3" foi o episódio mais recente deste braço de ferro entre as ONG envolvidas no resgate de migrantes no Mediterrâneo e Salvini, que também é vice-primeiro-ministro e líder da extrema-direita italiana.
A 29 de junho, a capitã do "Sea Watch 3", Carola Rackete, atracou, sem autorização, na ilha italiana de Lampedusa para realizar o desembarque de 40 migrantes resgatados ao largo da Líbia que estavam há mais de 15 dias a bordo do navio humanitário.
A capitã Carola Rackete foi detida e libertada três dias depois.