Nos últimos 12 meses, 3,4 milhões de utentes não conseguiram comprar na primeira ida à farmácia os medicamentos prescritos pelo médico.
A falta de medicamentos fez com que 1,4 milhões tivessem de recorrer a consulta médica para alterar prescrição e o recurso a essas consultas extraordinárias implicou gastos avultados. Estima-se que para o sistema de saúde, os custos ficaram entre 35,3 mil milhões de euros e 43,8 mil milhões de euros e para o doente entre 2,1 mil milhões de euros e 4,4 mil milhões de euros, de acordo com um estudo realizado pelo Centro de Estudos e Avaliação em Saúde, divulgado pela Associação Nacional de Farmácias (ANF).
O estudo "Impacto da indisponibilidade do medicamento no cidadão e no sistema de saúde", que se baseou em 22830 questionários, realizados em 2079 farmácias, que representam 85,3% do total de estabelecimentos, conclui ainda que 374 mil utentes deixaram de tomar algum tipo de medicamento, portanto, foram obrigados a interromper um tratamento em curso.
17,5 mil doentes atendidos diariamente com receita médica tiveram de repetir a ida à farmácia. Em média, refere o estudo, cada doente já se tinha deslocado 2,72 vezes para poder comprar o fármaco requisitado pelo médico. Em tempo, as idas e vindas à farmácia implicaram a perda de 3.25 horas.
O levantamento procurou ainda saber que tipo de indisponibilidade esteve em causa. Em 13,5% das indisponibilidades registadas no momento da dispensa, foi possível confirmar a entrega do medicamento ao doente em menos de 12 horas. Em 55,1% das faltas identificadas, por exemplo, não foi possível confirmar a disponibilidade para entrega posterior.