Pela primeira vez, o Vaticano abriu formalmente a porta à ordenação de homens casados na Amazónia. Paralelamente, defende papéis mais importantes para as mulheres na Igreja.
No documento de preparação do Sínodo sobre a Amazónia, marcado para outubro, em Roma, é apontada a possibilidade de ordenar homens "preferencialmente indígenas e com famílias estáveis" para lutar urgentemente contra a falta de sacerdotes naquela região.
A proposta será votada no Sínodo. Mesmo que os bispos e cardeais presentes a rejeitem "estão abertos precedentes para outras discussões", admitiu um bispo contactado pelo JN.
"A Amazónia é uma região onde as seitas avançam a grande velocidade e onde o catolicismo poderá estar à beira do fim caso não sejam tomadas medidas", afirmou aquele prelado. "Mas há outras regiões no mundo onde se vivem situações semelhantes", alertou, em referência ao documento de trabalho para o Sínodo especial dos Bispos aborda o tema dos "novos ministérios" para responder às necessidades dos povos amazónicos.
"Afirmando que o celibato é um dom para a Igreja, solicita-se que, para as áreas mais remotas da região seja estudada a possibilidade de ordenação sacerdotal para anciãos, preferencialmente indígenas, respeitados e aceites pela sua comunidade, mesmo que já tenham família constituída e estável, a fim de garantir os sacramentos que acompanham e sustentam a vida cristã", pode ler-se.
Convocada pelo Papa Francisco, a reunião vai juntar representantes católicos do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Venezuela e Suriname. No documento também é analisado o papel das mulheres e a Igreja Católica é desafiada a promover "vocações autóctones de homens e mulheres" para poder promover uma "autêntica evangelização do ponto de vista indígena, segundo os seus usos e costumes".
O documento não fala no diaconado feminino mas propõe que as mulheres tenham papéis de "liderança" e "espaços cada vez mais amplos e relevantes na área da formação: teologia, catequese, liturgia e escolas de fé e política".