As exportações de armamento francês aumentaram 30% para os 9,1 mil milhões de euros em 2018, tendo como primeiros destinatários o Qatar, a Bélgica e a Arábia Saudita.
O relatório, do Ministério da Forças Armadas e entregue ao Parlamento, revela que o Médio Oriente continua a ser a primeira região de exportação da França, com um pouco mais de 50% das encomendas (contratos assinados e que entraram em vigor), embora registasse uma quebra de 10 pontos em relação a 2017.
As vendas à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes Unidos continuam a ser um assunto polémico em França devido ao envolvimento dos dois países na guerra do Iémen. O conflito com mais de quatro anos matou dezenas de milhares de pessoas, incluindo numerosos civis, segundo diversas organizações humanitárias.
A Arábia Saudita é o terceiro maior cliente da França, com encomendas de quase mil milhões em 2018, enquanto as dos Emirados ascendem a cerca de 200 milhões.
A França afirma ter garantias de que o armamento vendido a Riade e a Abu Dhabi não é utilizado contra civis no Iémen e insiste na importância da "parceria estratégica" com estes dois países.
"Manter relações económicas com estes países é conservar algum controlo sobre regiões importantes para os nossos interesses de segurança, para o nosso abastecimento energético", sublinha a ministra das Forças Armadas, Florence Parly, no relatório.
"Exportar equipamentos é dinamizar a nossa indústria de defesa", nota ainda a ministra, lembrando que o armamento representa 13% do emprego industrial, com 200.000 postos de trabalho.
O governo francês destaca igualmente a crescente participação da Europa nas exportações de armamento, mais de 25% do total contra 10% em média nos anos anteriores.
"Este número traduz os esforços sustentados de construção da nossa Europa da defesa", assinala Florence Parly, insistindo: "Por trás da exportação há a construção incessante da autonomia estratégica europeia".
No período 2014-2018, a Arábia Saudita tornou-se o maior importador de armas do mundo, com um aumento de 192% em comparação com o de 2009--2013, segundo o mais recente relatório sobre o comércio mundial de armas do Instituto Internacional de Pesquisa sobre a Paz de Estocolmo (SIPRI), divulgado em março.
As importações de armas por países do Oriente Médio aumentaram 87%, comparando o período 2009-2014 com o período 2014-2018, sendo estes países responsáveis por 35% das compras.
Segundo o relatório do SIPRI, Estados Unidos, Rússia, China, França e Alemanha são os maiores exportadores mundiais de armamento.