Eleições mais participadas dos últimos 20 anos registam a ascensão dos ambientalistas.
Fragmentação: palavra-chave para recordar as eleições europeias 2019. Se a extrema-direita venceu onde era previsível ganhar - França, Itália, Reino Unido, Hungria e Polónia, com diferentes graus de êxito -, o populismo nacionalista não consubstanciou o tornado que o projeto europeu temia. Aliás, de Espanha e, principalmente, da Holanda surgiu o reforço da mensagem comunitária, com triunfos de socialistas e trabalhistas, respetivamente. E a ascensão dos ambientalistas poderá marcar o princípio de uma nova consciencialização coletiva. Num contexto em que a participação no ato eleitoral atingiu os valores mais altos dos últimos dois decénios: 50,5% por oposição aos 42,6% de há cinco anos.
Olhando para a próxima configuração do Parlamento Europeu, é possível concluir que, pela primeira vez, o Partido Popular Europeu (PPE) e a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas (S&D) não conseguem, juntos, a maioria em Estrasburgo, fazendo da Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (ALDE) uma força incontornável para que o plenário mantenha o ascendente pró-europeu.
Tanto mais que, ontem, a República em Marcha, partido do presidente francês, Emmanuel Macron - derrotado pela extrema-direita da União Nacional, de Marine Le Pen -, tornou-se, oficialmente, integrante do grupo dos liberais europeus.
SEM PESO SUFICIENTE
O PPE continua a ser a principal força política europeia, com 178 eurodeputados, mas perde 39 lugares no hemiciclo, e o S&D mantém-se como segunda, com 152 deputados, menos 35 do que na presente legislatura.
A ALDE torna-se, então, a terceira força política no Parlamento Europeu, com 108 eurodeputados, um crescimento de 40 eurodeputados, enquanto os Verdes europeus ganham 15 assentos, para ser o quarto grupo político, com um total de 67 representantes.
A "onda verde", como foi designada por vários dirigentes de partidos ambientalistas, foi especialmente proporcionada pelos Verdes alemães, que passaram a segunda força mais votada na Alemanha, e pela crescente importância atribuída pelas populações às questões ambientais.
As forças nacionalistas eurocéticas, na agenda destas eleições sobretudo em face da aliança nacionalista que o líder da extrema-direita italiana, Matteo Salvini, se propõe formar, também registou ganhos, mas não deverá dispor do número de eurodeputados suficiente para bloquear sozinha votações decisivas.
Segundo dados ainda provisórios, os eurocéticos deverão somar 172 eurodeputados, mais 17 do que na atual assembleia.