No último debate entre os principais candidatos ao Parlamento Europeu, impacto da adesão à União Europeia dividiu candidatos.
À medida que o último debate para as europeias avançava, o tom aquecia. Primeiro, entre Paulo Rangel (PSD) e Pedro Marques (PS); depois, entre Marques e Marisa Matias (BE) e João Ferreira (PCP). Ontem foi o último debate entre os principais candidatos às eleições de dia 26.
Já no final da primeira parte, Rangel reconheceu que não teve intenção de dizer que um voto noutros partidos é fútil (queria ter dito que só um voto no PSD pode tirar a maioria do PS), mas insistiu na acusação de que Marques mente ao dizer, por exemplo, que Portugal está a convergir com a riqueza da Europa.
O candidato socialista, por seu turno, acusou Rangel de apoiar a criação de uma força securitária europeia para patrulhar os mares da União, dentro do território de cada país - intenção negada pelo cabeça-de-lista social-democrata.
Depois do intervalo, Marques voltou a estar sob fogo, mas da Esquerda, a propósito da criação do chamado Plano Poupança Reforma europeu. Matias e Ferreira acusaram a Europa de privatizar o sistema de pensões, dando negócio à banca, e acusaram os socialistas de terem votado a favor, em Bruxelas. Pedro Marques puxou dos galões de reforma das pensões feita por si no Governo Sócrates.
Quanto ao balanço do que melhor e pior correu nas três décadas de integração no espaço comunitário, os dois blocos foram claros.
De um lado, BE e PCP reconhecem vantagens, na área ambiental ou de livre circulação, mas insistem que a economia perdeu, sobretudo desde a adesão ao euro. Desde o início do milénio, a economia portuguesa está entre as que menos cresceu, no mundo, e na Europa já foi ultrapassada pela de países como a Eslováquia e a Estónia. É preciso restruturar a dívida, concordam Marisa Matias e João Ferreira, mas não chega. Sem mudanças profundas na união económica e monetária, o país voltaria a cair na dependência do exterior.
Do outro, PS, PSD e CDS salientam a União Europeia não só como um projeto de paz e de reforço da posição diplomática de Portugal no mundo, como afirmam que sem fundos europeus o país não teria a a atual rede viária, de água ou saneamento, nem o tipo de educação, formação profissional e cuidados de saúde.