Faltam cinco meses para as eleições legislativas, mas, para dois terços do eleitorado (67%), o vencedor está encontrado: António Costa.
Um palpite que bate certo com os resultados de uma sondagem da Pitagórica para o JN e a TSF: o PS lidera destacado (37,2%), seguido do PSD (25,6%), BE (8,3%), CDU e CDS (ambos 6,5%).
O resultado dos socialistas mostra que os eleitores fazem escolhas diferentes em eleições europeias e nacionais. Segundo os dados recolhidos junto do mesmo grupo de inquiridos, o PS passa de um empate técnico (dois pontos à frente do PSD) nas eleições de maio, como revelámos na edição da passada sexta-feira, para uma vantagem de 12 pontos em outubro.
Não são apenas os socialistas que estão em alta, relativamente a 2015, com um crescimento de cinco pontos. É o conjunto dos partidos à Direita que está em baixa. A soma de PSD e CDS seria agora inferior (34%) ao que conseguiram, coligados, em 2015 (38,6%). É preciso recuar a 1976 para encontrar pior resultado (24,3%) para os sociais-democratas. Não é apenas um problema para Rui Rio. O CDS de Assunção Cristas marcaria agora 6,5%. Pior só no tempo do "partido do táxi", em 1987 e 1991, nas duas maiorias absolutas de Cavaco Silva.
Outra lição a retirar desta estimativa eleitoral - que não pretende adivinhar um resultado, mas avaliar tendências - é que a Esquerda está a crescer, relativamente ao que se passou há quatro anos (mais dois pontos), mas nem todos ganham: o PS acomoda todas as vantagens, enquanto os seus parceiros acumulam, ambos, perdas de dois pontos.
BE À FRENTE DA CDU
O BE resiste melhor, porque parte de um patamar superior e conseguiria hoje 8,3%. A CDU desceria para 6,5% (empatando com o CDS). E justifica-se relembrar os alertas de Alexandre Picoto, da Pitagórica, para a possibilidade de haver uma sub-representação de eleitores comunistas nesta sondagem. "É conhecida a dificuldade em identificar em sondagens os eleitores da CDU e também os do CDS-PP", explica ao JN, acrescentando que se questionou os entrevistados sobre o seu voto nas últimas legislativas e que "a CDU aparece com resultados mais baixos do que aqueles que efetivamente teve", o que "pode indiciar uma ligeira distorção da amostra".
Quando se compara a votação nos dois principais partidos, tendo em conta categorias etárias, de rendimento e geográficas, a supremacia socialista é quase total. As exceções são as duas faixas mais novas de eleitorado, em que o PSD tem uma vantagem de quatro pontos percentuais. Já na faixa dos 55 aos 64 anos, o PS supera os sociais-democratas em 25 pontos. Na classe dos mais pobres tem uma vantagem de 19 pontos.
Outra conclusão da leitura fina dos dados é que os partidos liderados por mulheres (o BE de Catarina e o CDS de Assunção) têm um eleitorado mais feminino. Sendo que elas têm também um peso maior no número de indecisos (26,6% não sabem ainda em quem votar, mais 11 pontos do que os homens).
Nota final para dois pequenos partidos que podem vir a eleger deputados: o PAN, que duplica face a 2015, chega aos 2,8%, o que lhe permite aspirar a juntar mais deputados ao líder André Silva. E o Aliança, de Santana Lopes, com 1,8%, o que permite antecipar uma eventual eleição pelo círculo de Lisboa.