O Presidente dos EUA, Donald Trump, disse que o Congresso não será capaz de o destituir, uma hipótese colocada pelo Partido Democrata na sequência da divulgação do relatório sobre a interferência russa nas eleições presidenciais de 2016.
Na semana passada, a divulgação na íntegra do relatório do procurador-especial Robert Mueller, sobre a hipótese de conluio da equipa de Donald Trump com o governo russo para interferir nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016, alguns líderes Democratas levantaram a hipótese de iniciar um processo de 'impeachment' contra o Presidente, por considerarem haver indícios de obstrução à justiça.
Hoje, na sua conta pessoal da rede social Twitter, Donald Trump rejeitou totalmente a possibilidade de vir a enfrentar um processo de destituição a partir do Congresso.
"Apenas crimes graves ou ofensas podem levar ao 'impeachment'", escreveu Trump na sua conta de Twitter.
"Eu não cometi nenhum crime (não há conluio, não há obstrução), por isso não me podem destituir", acrescentou o Presidente norte-americano.
Para Trump, "foram os Democratas quem cometeu os crimes, não o Presidente Republicano", referindo-se ao facto de a alegada interferência russa, confirmada no relatório Mueller, ter acontecido durante o mandato do Presidente Democrata Barack Obama.
O relatório de Robert Mueller ilibou Donald Trump de conluio com o governo russo, mas apresentou diversos exemplos de possível obstrução à justiça, revelando sucessivos depoimentos de figuras próximas do Presidente que indiciam tentativas de impedir a investigação às ligações da equipa de Donald Trump com o governo russo.
Com base nesses indícios, na sexta-feira, a senadora Elizabeth Warren, que também é candidata às eleições primárias do Partido Democrata para as presidenciais de 2020, pediu à Câmara de Representantes para iniciar um processo de 'impeachment' contra o Presidente, por obstrução à justiça.
Contudo, na Câmara de Representantes, muitos Democratas têm grandes reservas sobre a eficácia desse processo.
Apesar da maioria Democrata na Câmara de Representantes, o Partido Republicano tem uma maioria confortável no Senado, onde o processo teria de ser votado em última instância, e os indícios do relatório Mueller não apresenta grandes trunfos políticos para demover essa maioria.
Nos últimos dias, Donald Trump tem aproveitado a divulgação do relatório Mueller para dizer que foi vítima de uma "caça às bruxas", enquanto membros do Partido Republicano têm feito das conclusões do documento uma base de partida para a reeleição de Trump.
Os Democratas dividem-se entre os que sentem existir aqui uma brecha para lançar um processo de 'impeachment', que possa pelo menos danificar politicamente o Presidente, e os que consideram que esse processo pode virar-se contra o seu partido, por não ter uma base sólida de sustentação factual contra Trump.