O líder parlamentar do PS admitiu que, desde 2015, os socialistas tiveram de "trabalhar o dobro" e "muito penosamente" com aqueles que "dizem apoiar" o Governo, mas disse estar "muito orgulhoso" com os resultados.
O desabafo de Carlos César foi feito num discurso num jantar com militantes, em Alpalhão, Nisa, na abertura das jornadas de proximidade em Portalegre, e a poucos meses do fim da legislatura.
O balanço da legislatura, em que o Governo minoritário do PS teve o apoio da esquerda parlamentar, foi feito por César com palavras duras, tanto para a direita, PSD e CDS, como com críticas indiretas aos parceiros da esquerda, PCP, BE e PEV, que nunca mencionou abertamente.
"Foi uma legislatura trabalhosa por que contamos com a negação da oposição e a negação da posição. Perceberam...", afirmou o líder parlamentar e presidente do PS no seu discurso.
Depois, explicou os motivos de tanto trabalho nos últimos quase quatro anos. "Tivemos o dobro do trabalho, porque tivemos que trabalhar, como é nossa obrigação, com aqueles que se nos opõem e tivemos que trabalhar, às vezes muito penosamente, com aqueles que nos dizem apoiar", acrescentou, para logo fazer subir o tom de voz e dizer que os socialistas estão "muito orgulhosos" do trabalho do Governo.
Carlos César não deu uma resposta direta ao PSD e ao Bloco de Esquerda, que colocaram na agenda política e mediática as relações familiares entre membros do Governo, como é o caso, por exemplo, dos ministros Eduardo Cabrita e Ana Paula Vitorino (marido e mulher) e José Vieira da Silva e Mariana Vieira da Silva (pai e filha).
No sábado, em entrevista à Lusa, o cabeça de lista do PSD às europeias, Paulo Rangel, defendeu que o presidente da República já devia ter avisado o primeiro-ministro para não repetir o que chama de "promiscuidades familiares" no Governo.
A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, aconselhou o Governo e o Partido Socialista a refletirem sobre a prática de ocupação de cargos públicos por "pessoas com muitas afinidades".
Em Portalegre, o presidente dos socialistas pediu aos militantes que "não se perturbem com os ataques" que "são feitos" aos socialistas, "vindos de todos os lados, como é próprio de um tempo pré-eleitoral".
Todos significa "jovens, mulheres, homens, casais e famílias", porque "os socialistas quando vão a um comício, só para dizer que não trazem as famílias, não deixam a mulher ou o homem em casa" e "vêm todos", disse o líder da bancada socialista, causando alguns sorrisos na sala.