"Uma avalancha de provas" mostra que Joaquín "El Chapo" Guzmán "é culpado de todas as acusações", afirmou na quarta-feira a procuradora Andrea Goldbarg nas alegações finais da acusação, numa altura em que o julgamento se aproxima do fim.
Perante o tribunal federal de Brooklyn, Nova Iorque, Estados Unidos da América, a procuradora sustentou que o famoso traficante de droga mexicano orquestrou ao longo de duas décadas uma campanha para "inundar" os Estados Unidos com toneladas de cocaína enquanto líder do cartel de Sinaloa.
Goldbarg iniciou a sua apresentação citando o testemunho de um antigo membro do cartel segundo o qual Guzmán espancou e executou dois membros de um cartel rival, atirando depois os cadáveres para uma fogueira.
"Os motores do cartel eram a corrupção e a violência", disse a procuradora, o que permitia a Guzmán "impor a sua vontade a quem se lhe atravessasse no caminho".
A acusação chamou 56 testemunhas a julgamento, 14 das quais antigos colaboradores de Guzmán, recorreu a dezenas de conversas telefónicas gravadas em segredo e mostrou cartas e registos contabilísticos.
"Viram as provas: drogas, armas, livros de contabilidade, cartas. Tudo isso prova que o acusado é culpado de todas as acusações para além de dúvida razoável", disse a procuradora aos jurados.
As alegações finais da defesa estão previstas para hoje.
'El Chapo' decidiu não testemunhar no julgamento e a defesa chamou apenas duas testemunhas.
Joaquin Guzmán, de 61 anos, é acusado de ter dirigido entre 1989 e 2014 o cartel de Sinaloa, que enviou para os Estados Unidos da América mais de 154 toneladas de cocaína e grandes quantidades de heroína, metanfetaminas e marijuana, avaliadas em mais de 14 mil milhões de dólares (12 mil milhões de euros).
É também suspeito de protagonizar uma campanha de assassínios e sequestros e de branqueamento de milhares de milhões de dólares.
Se for considerado culpado, pode ser condenado a prisão perpétua.
Preso pela primeira vez na Guatemala, em 1993, e após ser condenado a 21 anos de prisão, Guzmán escapou em 2001 de uma penitenciária de alta segurança de Puente Grande (estado de Jalisco).
Após 13 anos em fuga, foi capturado em 2014, mas escapou um ano mais tarde de uma prisão de máxima segurança de Altiplano, perto da Cidade do México, através de um túnel com 1,5 quilómetros.
Em janeiro de 2016, e após várias tentativas, o Presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, anunciou finalmente a captura de "El Chapo".
Um ano mais tarde, o suspeito foi extraditado para os Estados Unidos.