Pico da gripe é expectável para fim de janeiro ou primeiras semanas de fevereiro. Temperaturas baixas há quatro semanas explicam excesso de mortalidade.
A atividade gripal está a aumentar e é expectável que a tendência se mantenha nas próximas semanas. As últimas previsões indicam que o pico da gripe deverá ser atingido entre a última semana de janeiro e a primeira quinzena de fevereiro. São os adultos com menos de 65 anos que estão a ser mais afetados.
"Este ano, temos mais gripe em pessoas com idade inferior a 65 anos. Não é um grupo de risco, mas reforça a necessidade de vacinação", afirmou Cátia Caneiras, representante da Comissão de Trabalho de Infecciologia Respiratória da Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP).
De facto, os últimos dados do boletim epidemiológico da gripe, divulgados anteontem pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, mostram que, na semana de 14 a 20 de janeiro, o número de consultas em cuidados primários para adultos dos 19 aos 64 anos esteve acima da média.
A explicação é o vírus A H1 que, em regra, afeta mais a população saudável. Mas está também em circulação o vírus A H3, mais agressivo para idosos e crianças. A cocirculação dos dois vírus faz com que a época gripal não seja intensa.
Excesso de mortalidade
Mais grave do que a gripe é o frio persistente que provoca descompensação nos doentes crónicos. Há quatro semanas consecutivas que as temperaturas estão abaixo do normal para a época, o que já está a ter impacto na mortalidade.
Entre 14 e 20 de janeiro morreram por todas as causas 2981 pessoas, mais 481 do que o esperado, segundo o sistema de vigilância da mortalidade da Direção-Geral da Saúde. Esta semana, os níveis de mortalidade também estiveram acima da média. Os números estão a ser monitorizados e, segundo a especialista da SPP, resultam das baixas temperaturas.
Na última semana, as urgências hospitalares também registaram uma procura muito elevada. Segundo dados disponíveis no site da Administração Central do Sistema da Saúde (ACSS), entre 14 e 20 de janeiro, houve um total de 138.522 episódios de urgência nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, o que dá uma média de 19.789 por dia.
A tendência manteve-se esta semana. Entre segunda e quarta-feira (último dia com dados disponíveis), foram registados 63 853 atendimentos nas urgências, o que equivale a uma média diária de 21 284 episódios. As infeções respiratórias têm sido responsáveis por 14% a 16% das idas às urgências.