Um militar da GNR foi detido no quartel de Penafiel por ter aterrorizado a mulher que o deixara, ao longo de três anos.
Elemento da Unidade do Destacamento de Trânsito, em Penafiel, o militar foi detido dois dias depois de ter voltado ao serviço, na sequência de uma baixa médica por problemas psicológicos, que durou três anos. Terá sido neste interregno que tudo aconteceu. É suspeito da prática de crimes de violência doméstica, dano e furto.
De acordo com informações recolhidas pelo JN, o militar, com 43 anos, terá chegado a usar ácido num ataque ao carro do namorado da antiga companheira e é suspeito de ter assaltado, na noite de Ano Novo, a casa desta. Este último episódio levou a vítima a tentar o suicídio, na última quarta-feira.
NÃO ACEITOU SEPARAÇÃO
O militar manteve, durante mais de cinco anos, um relacionamento amoroso com a mulher, de 33 anos. Porém, esta acabou por colocar um ponto final na relação e, posteriormente, iniciar novo namoro. Uma decisão que o militar nunca aceitou e que tentou a todo o custo reverter.
Perante a intransigência da ex-companheira, o guarda, que esteve de baixa médica nos últimos anos, primeiro devido a um acidente vascular cerebral e depois por problemas psicológicos, começou a persegui-la de forma constante e a mandar-lhe sucessivas mensagens por telemóvel. Também chegou a vandalizar o muro da casa dos pais da vítima e a riscar a pintura do carro desta.
Desesperada com a sucessão de acontecimentos e com a pressão constante do militar, a vítima ingeriu uma grande quantidade de comprimidos para se suicidar. Foi, então, internada no Hospital de Penafiel, nos cuidados intensivos.
CASO SINALIZADO
A passagem pela unidade hospitalar fez com que o caso fosse sinalizado e, de imediato, comunicado à GNR. O Núcleo de Investigação e Apoio a Vítimas Específicas (NIAVE) da GNR de Penafiel tomou conta da ocorrência e, em poucas horas, reuniu prova suficiente para sustentar o mandado de detenção emitido pelo Ministério Público.
Foram ainda os elementos do NIAVE que, logo ao início da manhã de quinta-feira, detiveram o colega no interior do quartel de Penafiel, onde o militar tinha regressado no dia anterior, para retomar o serviço após anos de ausência.v
Impedido de contactar
O guarda foi sujeito, ontem, a primeiro interrogatório judicial, no Tribunal de Penafiel. No final, foi libertado, mas impedido de contactar a vítima e de se aproximar a menos de 500 metros desta. Também está proibido de usar armas.
Oficial presente na detenção
A detenção do militar ocorreu no interior do quartel de Penafiel e, como determina a lei, na presença de um superior hierárquico.
Nova baixa médica
O suspeito não ficou suspenso de funções. Será encaminhado para o Centro Clínico da GNR e deve voltar a ter baixa. Fonte da Guarda garante ao JN que será prestado todo o apoio médico ao militar.