A chanceler alemã, Angela Merkel, abordou esta sexta-feira numa conversa telefónica com o presidente russo, Vladimir Putin, a situação na Ucrânia e na Síria, entre outros assuntos da política internacional, segundo fontes da Chancelaria.
Os dois líderes concordaram com a necessidade de avançar para uma solução política na Síria e discutiram a situação criada após o anúncio da retirada das tropas dos Estados Unidos deste país, adiantou a porta-voz do Governo alemão, Ulrike Demmer.
Relativamente à Ucrânia, Angela Merkel intercedeu novamente junto de Putin pela libertação dos marinheiros ucranianos detidos em novembro pela guarda-costeira russa.
A líder alemã e o Presidente da França, Emmanuel Macron, manifestaram hoje, através de uma declaração conjunta, a sua preocupação com a atuação de Moscovo na Crimeia e no Estreito de Kerch, que une o Mar Negro ao Mar de Azov,
"A situação dos direitos humanos na Crimeia, ilegalmente anexada pela Rússia, o uso da força militar russa no estreito de Kerch e as inspeções excessivas no mar de Azov são fontes de profunda preocupação", sublinham na declaração.
Angela Merkel e Emmanuel Macron exigiram que "todos os barcos beneficiem de uma passagem segura, livre e sem obstáculos" no estreito de Kerch e também pediram "a libertação imediata e incondicional dos marinheiros ucranianos para que possam passar as festividades com os seus familiares".
O apelo conjunto do Presidente francês e da chanceler alemã surge depois do Grupo de Contacto sobre a Ucrânia, fórum composto por representantes de Kiev, Moscovo e da Organização Europeia para a Segurança e Cooperação (OSCE), ter anunciado, na quinta-feira, uma nova declaração de cessar-fogo para a zona leste do território ucraniano, área dominada por separatistas pró-russos.
Este fórum tripartido permitiu a assinatura dos acordos de paz de Minsk em 2015, um texto político que se transformou em letra morta e cujas disposições têm sido regularmente violadas, nomeadamente as tentativas de tréguas.
Na quinta-feira, o Grupo de Contacto anunciou um novo cessar-fogo que deverá entrar em vigor a partir de sábado (dia 29 de dezembro), por ocasião do Ano Novo e do Natal dos cristãos ortodoxos, assinalado a 07 de janeiro.
A 25 de novembro, a Rússia apresou três navios de guerra ucranianos ao largo da Crimeia e deteve os 24 elementos a bordo, acusando-os de terem entrado ilegalmente nas suas águas territoriais.
Tratou-se do primeiro confronto militar aberto entre os dois países desde a anexação da península ucraniana da Crimeia em 2014 e do início do conflito no leste da Ucrânia entre as forças governamentais de Kiev e as forças separatistas pró-russas, que já fez, até à data, mais 10 mil mortos.