A China aumentou a pressão sobre o Canadá para que liberte a diretora financeira da Huawei, Meng Wangzhou, e ameaçou o país com "consequências graves" pela detenção, convertendo este caso num dos piores conflitos diplomáticos entre Pequim e Otava.
O vice-ministro dos Assuntos Exteriores da China, Le Yucheng, convocou, no sábado à noite, o embaixador do Canadá, John McCallum, para lhe apresentar um "forte protesto" pela detenção de Meng Wangzhou em Vancouver e instou Otava a libertá-la de imediato, de acordo com um comunicado daquele gabinete chinês.
"A China pede encarecidamente ao Canadá que liberte de imediato a pessoa detida e proteja seriamente os seus legítimos direitos, se não o Canadá deve aceitar a sua responsabilidade pelas graves consequências causadas", assinala o comunicado.
A chancelaria chinesa qualificou a detenção como "extremamente desagradável", acrescentando que "ignora a lei" e que tem todos os sinais para causar dados às relações entre a China e o Canadá.
Enquanto isso, um editorial do Diário do Povo noticiou hoje que o Canadá deve perceber "claramente" que há diferenças entre justiça e arbitrariedade.
"O lado canadiano deve corrigir seus erros e interromper imediatamente essa infração aos direitos e interesses legítimos de um cidadão chinês, deve dar ao povo chinês uma resposta correta e evitar pagar um preço alto", escreve o jornal.
Meng Wangzhou foi presa pelas autoridades canadianas no passado dia 03 a pedido dos Estados Unidos que solicitavam ainda a sua extradição para que enfrente acusações de fraude e de violação das sanções impostas por Washington ao Irão.
Filha do fundador da Huawei, Ren Zhengfei, Meng Wangzhou foi acusada na sexta-feira de fraude, após ter comparecido perante um juiz de Vancouver, no Canadá.
Segundo documentos apresentados na audiência no tribunal de Vancouver, a diretora da Huawei foi detida por suspeita de ter mentido sobre uma filial da empresa, para poder aceder ao mercado iraniano, violando sanções norte-americanas.
O tribunal de Vancouver decretou a sua liberdade condicional, apesar de o advogado representante do Governo canadiano se ter oposto.
As autoridades dos Estados Unidos suspeitam que o grupo chinês exportou produtos de origem norte-americana para o Irão e outros países visados pelas sanções de Washington, violando as suas leis.
Este caso acontece numa altura de difíceis relações entre chineses e norte-americanos, condicionadas pelas negociações comerciais, em plena trégua de 90 dias determinada pelos dirigentes das duas potências.