A Áustria suspeita que um dos seus coronéis espiou durante anos para a Rússia, uma alegação que Moscovo recusa, lamentando que Viena não tenha seguido a conduta diplomática tradicional em relação a estes casos.
O chanceler austríaco, Sebastian Kurz, falou esta sexta-feira do caso numa conferência de imprensa e o encarregado de negócios russo em Viena foi convocado pela ministra dos Negócios Estrangeiros, Karin Kneissl, que anulou uma visita oficial à Rússia prevista para o início de dezembro.
A espionagem russa na Europa é inaceitável
Moscovo reagiu anunciando a convocação do embaixador austríaco ao Ministério dos Negócios Estrangeiros russo.
O oficial austríaco, 70 anos e atualmente reformado, é alvo de um inquérito judicial em Salzburgo (oeste) e terá começado a trabalhar para os serviços de informações russos nos anos 1990, tendo continuado a atividade até este ano.
Kurz disse que levava o caso muito a sério e exigiu "informações transparentes" de Moscovo. "A espionagem russa na Europa é inaceitável e deve ser condenada", declarou à imprensa.
O chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, lamentou a publicidade dada ao caso, que considerou "uma surpresa muito desagradável".
Os nossos parceiros ocidentais têm optado nos últimos tempos por não recorrer à diplomacia tradicional
"Os nossos parceiros ocidentais têm optado nos últimos tempos por não recorrer à diplomacia tradicional (...), mas à designada 'diplomacia de megafone', acusando-nos publicamente e pedindo uma explicação pública sobre uma questão que desconhecemos", disse Lavrov numa conferência de imprensa.
Segundo o ministro da Defesa austríaco, Mario Kunasek, o caso foi descoberto "há algumas semanas" na sequência de informações fornecidas por uma agência de informações secretas europeia.
As relações diplomáticas entre a Rússia e os países ocidentais atravessam um período difícil desde o envenenamento em março no Reino Unido do ex-espião duplo russo Serguei Skripal, atribuído a Moscovo.
Vários países também acusaram recentemente a Rússia de ter orquestrado uma série de ciberataques a nível mundial.
O governo austríaco, no entanto, tem desenvolvido uma proximidade com a Rússia e distinguiu-se dos seus parceiros da União Europeia em março, recusando expulsar diplomatas russos em pleno caso Skripal, declarando querer "manter abertos os canais de comunicação" com Moscovo.