O comissário europeu para os Assuntos Económicos e Financeiros considerou que a eleição de Jair Bolsonaro para presidente do Brasil está ligada a uma forma de "cansaço democrático" e instou as democracias a despertarem.
Numa intervenção no canal de televisão político e parlamentar francês Public Sénat, Pierre Moscovici defendeu que "Bolsonaro é evidentemente um populista de extrema-direita".
"Atrás dele, vemos a sombra dos militares que durante muito tempo estiveram no poder no Brasil, constituindo uma ditadura terrível. Ele próprio é um antigo militar. Isso é muito evidente", começou por referir.
O comissário francês reconheceu que a eleição de Bolsonaro representa uma tendência de recuo das democracias liberais em todo o mundo.
"É um fenómeno que está talvez ligado a uma forma de cansaço democrático, sobre a qual aqueles que têm a democracia no coração deveriam refletir, de modo a organizar um contra-ataque", observou.
Para Moscovici, esse cansaço é resultado da crise que durou dez anos, e que deixou sequelas graves, nomeadamente "desigualdades impressionantes".
"Temos de arregaçar as mangas e atacar as desigualdades", concluiu.
Jair Messias Bolsonaro, 63 anos, capitão do Exército brasileiro reformado, foi eleito no domingo, na segunda volta das eleições presidenciais, o 38.º presidente da República Federativa do Brasil, com 55,1% dos votos.
De acordo com dados do Supremo Tribunal Eleitoral brasileiro, Fernando Haddad, candidato do Partido dos Trabalhadores (PT, esquerda), conquistou 44,9% dos votos, e a abstenção foi de 21% de um total de mais de 147,3 milhões eleitores inscritos.