Bruxelas impõe ao Google multa recorde de 2,4 mil milhões de euros

[henrike]

A Comissão Europeia vai multar o gigante da tecnologia em 2,42 mil milhões por abuso de posição dominante.

A decisão, divulgada esta terça-feira, prende-se com o seu serviço de comparação de preços, o Google Shopping.

Trata-se da maior sanção alguma vez imposta a uma empresa por abuso de posição dominante em território da UE e é mais que o dobro que o anterior recorde, a multa de 1,06 mil milhões aplicada em 2009 a outro gigante norte-americano de informática, a Intel.

Para Bruxelas, "a Google incluiu uma série de critérios nesses algoritmos [de resultados de busca], por via dos quais os serviços concorrentes de comparação de preços são relegados para posições inferiores." A Comissão Europeia diz mesmo que "está provado que mesmo o serviço concorrente com melhor classificação só aparece, em média, na quarta página de resultados de pesquisa da Google e outros aparecem em posição de ainda menor visibilidade. O serviço de comparação de preços da Google não está sujeito aos algoritmos de pesquisa genéricos da Google que preveem essas despromoções."

Em comunicado hoje divulgado, a Comissão Europeia conclui por isso que a Google abusou da sua posição dominante de mercado ao "dar ao seu serviço de comparação de preços uma vantagem ilegal. Deu uma posição de destaque nos seus resultados de pesquisa ao seu serviço de comparação de preços, com isso relegando os serviços concorrentes. Asfixiou a concorrência em matéria de mérito no mercado de comparação de preços".

Google discorda e avalia recurso

O gigante norte-americano negou sempre as acusações, assegurando que não prejudica nunca os serviços da concorrência. "Acreditamos que a decisão da Comissão Europeia relativa ao Google Shopping subestima o valor dessas ligações rápidas e fáceis. Enquanto que alguns websites comparadores de preços querem, naturalmente, que a Google os mostre de uma forma mais proeminente, os nossos dados mostram que as pessoas, geralmente, preferem links que os levam directamente aos produtos que pretendem e não a websites onde têm que repetir essas mesmas pesquisas"

"Milhares de comerciantes europeus utilizam estes anúncios para competirem com grandes companhias como a Amazon e eBay", lembrou a empresa em comunicado. E acrescenta: "Quando a Comissão Europeia questiona o porquê de alguns sites comparadores de preços não estarem tão bem quanto outros, achamos que a Comissão deveria considerar que muitos websites têm crescido neste período - incluindo plataformas como a Amazon e o Ebay". Uns crescem e é "natural que outros serviços de comparação se tenham tornado menos populares", diz a Google.

Kent Walker, advogado e vice-presidente do Google, citado pelo "El Mundo", reagiu à decisão dizendo a empresa "discorda respeitosamente das conclusões hoje anunciadas. Vamos analisar detalhadamente a decisão da Comissão Europeia ao mesmo tempo que vamos considerar um recurso e apresentarmos a nossa argumentação".

A partir de hoje, a empresa tem 90 dias para "por um fim à sua conduta", ou arrisca-se a uma multa até 5% das receitas diárias mundiais da Alphabet, a empresa mãe do motor de busca.