Os comentários do músico, em entrevista a Nuno Markl, no canal Q, geraram indignação nas redes sociais. Já há manifestação marcada para 11 de junho e petição online com exigência de pedido de desculpas.
Tudo começou quando, no domingo passado, o canal Q repôs um episódio de Showmarkl, programa de entrevistas de Nuno Markl, que data de 2010. Neste episódio em particular, um dos convidados, José Cid, perorava sobre as diferenças entre a "música popular" e a "música populosa".
"Eu, às vezes, digo na brincadeira que deviam fazer uma muralha da China entre Trás-os-Montes para não deixarem passar alguma música que vem de lá. Porque, efetivamente, é um prejuízo para a cultura popular portuguesa. Essas pessoas do Portugal profundo já deviam ter evoluído. Vêm de excursões, pessoas que nunca viram o mar, para o Pavilhão Atlântico, pessoas assim, medonhas, feias, desdentadas, E isso, efetivamente, não é Portugal", disse o músico, natural da Chamusca, distrito de Santarém.
O que se passou a seguir foi uma reação em cadeia, que começou nos insultos a Nuno Markl, passou pela suspensão da página de Facebook de José Cid e - para já - termina na marcação de uma manifestação contra o músico, agendada para 11 de junho em Alfândega da Fé.
No domingo à noite, no Facebook, Nuno Markl explicava que estava a ser "atacado por transmontanos" por causa da reposição da entrevista. "Eu sei que toda a gente tem imensa sede de sangue e de encontrar o próximo bode expiatório, mas comigo isso não pega, porque não tenho nada contra Trás-os-Montes, só a favor". Num segundo post, o humorista voltava a escrever sobre o assunto:
"Amigos de Trás-os-Montes: se isto serve para alguma coisa, peço-vos desculpa por me ter rido dos desvarios do Cid no Canal Q há tantos anos. Se não servir para nada - porque toda a gente prefere a guerra do que a paz, nas redes sociais - tudo o que posso dizer é que continuarei a gostar de Trás-os-Montes como gostei toda a minha vida até aqui. Se me quiserem bater ou insultar, é convosco. Não vou entrar em guerra com pessoas de quem sempre gostei", começou por escrever Markl, continuando:
"É triste perceber que por causa de uma velha entrevista com o José Cid - em que me ri do que ele disse, porque é impossível uma pessoa não se rir com os delírios dele - sou o novo alvo a abater do Facebook, e por parte dos transmontanos, portugueses contra os quais nada tenho, só a favor. Mas pronto - é o suficiente: estou a ser mais atacado que o próprio autor das afirmações. De bestial a besta, tudo muito rápido e pronto-a-comer e nada profundo. Talvez seja esta gota de água o que me fará acabar de vez com esta página e cortar relações com o Facebook. Amanhã falarei disto no Homem Que Mordeu o Cão, na Comercial, e tomarei uma decisão nessa altura", acrescentou o animador das Manhãs da Comercial.
Ainda no Facebook, foi criada a página Todos Contra José Cid que, até ao momento, conta já com 5500 seguidores. O objetivo da mesma, marcar uma manifestação para 11 de junho em Alfândega da Fé (distrito de Bragança, Trás-os-Montes), onde José Cid tinha um concerto agendado, acaba de cair por terra, uma vez que o espectáculo foi cancelado. "Boas notícias. Espetáculo de José Cid, possível cancelado em Alfândega da Fé. Reunião entre Município de Alfândega e a empresa que vendeu espetáculo, Transmúsica, agendada para hoje à tarde", pode ler-se no post mais recente. Existe ainda uma petição pública online, José Cid insultou os transmontanos - exige-se pedido de desculpas, que conta já com cerca de 1000 assinaturas.
Esta segunda-feira, José Cid pediu desculpa pelas suas afirmações. "Injustamente, falei mal do público e do povo transmontano, apresento, por esta via, as minhas mais sinceras desculpas", explicou o músico através de comunicado enviado pela ACid Records. "Estou muito triste comigo", acrescentou Cid.